Ainda as Tensões Militares no Extremo Oriente
19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: as tensões militares no extremo oriente, Project Syndicate, visão de um analista internacional sem envolvimento com as partes envolvidas
Todas as tensões militares em qualquer região do mundo são difíceis de serem avaliadas com isenção, pois é natural que os analistas tenham uma tendência a ser simpáticos a algumas das partes envolvidas. Ian Buruna é um conhecido analista que tem diversos livros publicados sobre variados assuntos, e escreve para entidades de prestígio como o Project Syndicate colocando os pontos de observação na questão que vem merecendo as atenções de muitos no mundo. Ele coloca que a China vem elevando o seu poder político na região, o Japão luta para superar sua dificuldade econômica fortalecendo sua aliança militar com os Estados Unidos e a Coreia do Sul está espremida neste meio, como sempre esteve.
Segundo a sua visão, os japoneses que perderam catastroficamente a Segunda Guerra Mundial ficando subservente ao poder dos Estados Unidos, e sua maioria pode viver com esta situação, mas se submeter à China seria intolerável. Ele faz um apanhado histórico, informando que o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe é neto do primeiro-ministro Nobusuke Kishi, que era um burocrata de elite da indústria do tempo da guerra, foi preso como criminoso de guerra em 1945, mas foi liberado sem julgamento durante o início da Guerra Fria, sendo eleito primeiro-ministro conservador em 1957. Kishi teria sido um nacionalista com tendência fascista durante a década de 1930 a 1940 com profunda aversão ao comunismo.
Ian Buruna
Segundo Ian Buruna, Kishi tentou a reforma da constituição japonesa para voltar a transformar o Japão numa potência militar, sendo que Abe tenta completar o projeto do seu avô, abandonando a constituição pacifista do país, ainda que se mantendo aliado dos Estados Unidos.
Na Coreia do Sul, Park Chung-hee, que chegou ao poder na época de Kishi, também é nacionalista e anticomunista, mas teve relacionamentos com os japoneses que dominaram a Coreia, sendo sua filha Park Geun-hye a atual presidente, que gostaria de manter o mesmo tipo de nacionalismo, mas necessitando ainda de livrar-se de alguns relacionamentos com os japoneses de alguns dos seus aliados no próprio país.
Xi Jinping é talvez o mais descomplicado dos três atuais líderes do Extremo Oriente, pois seu pai foi um líder guerrilheiro contra os japoneses, lutou contra Chiang Kai-shek na guerra civil chinesa, chegou a vice-premiê e foi governador da poderosa província de Guangdong. Mesmo com os problemas durante a Revolução Cultural, teve uma carreira brilhante para chegar à atual posição.
Com Deng Xiaoping abrindo caminho para o desenvolvimento capitalista, o nacionalismo chinês, na opinião do autor, teria que se alimentar do sentimento contra os japoneses, ainda que na disputa de uma ilha sem importância, explorando os erros passados do Japão na ocupação da China. Seria a afirmação do domínio chinês na Ásia Oriental.
Na opinião do autor, nenhum dos três líderes deseja a guerra, mas para consumo interno necessitam destas posições atuais. Com a ausência dos Estados Unidos, os três países teriam que se acertar, mas com a atual situação, a tendência acaba sendo a manutenção do status quo, sem uma perspectiva do término das reclamações sobre as ilhas em disputa.