Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Ainda o Difícil Problema da Educação

9 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: considerações da jornalista autora de livros Amanda Ripley, dificuldades nas avaliações, discussões sobre os resultados do PISA, um artigo publicado no The Economist sobre a evolução dos resultados de matemática

A jornalista Amanda Ripley declarou numa entrevista concedida a Fabiano Maisonave, publicada no jornal A Folha de S.Paulo, que fez pessoalmente o teste PISA, e concluiu que ele requer mais pensamentos do que outros padronizados que conhece. Ela elaborou um livro sobre “As crianças mais inteligentes do mundo”, ainda sem tradução para o português, com base em muitas entrevistas e acompanhando estudantes norte-americanos que foram estudar na Finlândia, que considera que conta com o sistema mais adequado, a Polônia e a Coreia do Sul, esta última que considera o seu sistema muito estressante. Ela mesma afirma ter feito um curto curso na França, onde aprendeu a ver o mundo de forma mais ampla que nos Estados Unidos.

A revista The Economist publica uma comparação, somente de matemática da PISA, com base na avaliação dos países feita no ano de 2006 e agora em 2012, para alunos de 15 anos, constatando que os asiáticos continuam melhorando, com destaque na China (que usa somente os dados de Xangai), mas considerando também Cingapura, Hong-Kong, Taiwan, Coreia do Sul e o Japão entre os mais bem avaliados neste período. A Finlândia acusou uma queda acentuada que também se observou em alguns outros países. Isto não significa que nos demais itens as mesmas observações são uniformes.

untitled

Ainda que a educação seja considerada fundamental em qualquer sociedade, não parece existir uma unanimidade quanto ao sistema mais adequado para proporcioná-la às suas populações. Lembro-me de quando meus filhos estavam para ingressar no curso secundário como se chamava na época. Minha esposa, que sempre trabalhou na área da educação, e suas colegas, inclusive responsáveis por escolas e especialistas em educação, mapearam as posições adotadas por muitas delas, inclusive as tendências da época que estavam sendo adotadas em alguns países.

Existem escolas consagradas que possuem nome, na sua maioria de tendências conservadoras, com origens em alguns países europeus, principalmente. Também existia no Reino Unido uma orientação para conceder maior liberdade para os alunos. Existem algumas que adotam orientações claras sobre um estilo de vida mais relacionado com a natureza, muitas de origem alemã.

Os usos de sistemas informatizados modificaram substancialmente os tipos de ensino, com as utilizações das capacidades audiovisuais com o auxílio de computadores, que atualmente atraem mais as atenções dos alunos. As diferentes orientações educacionais convivem em variadas escolas, proporcionando no Brasil opções variadas, notadamente em São Paulo.

Os asiáticos acabam adotando muitos sistemas rigorosos, tendo como base a informação que os neurônios utilizados pelos seres humanos são relativamente baixos em percentuais, e a intensidade dos estímulos tendem a aumentar a utilização dos mesmos. Muitos procuram resultados pragmáticos para poderem atender os melhores cursos disponíveis, acreditando que isto contribui para suas carreiras. Nem sempre fica claro se os pais estão procurando para seus filhos a capacitação para serem felizes, que muitas vezes é confundida com o sucesso econômico.

Os norte-americanos parecem ter optado pela especialização, que hoje parece estar sofrendo correções com mais atividades interdisciplinares, enquanto os europeus tendem a proporcionar formações humanísticas mais amplas. Tanto os pais como as sociedades devem estar conscientes do que estão buscando, pois muitas vezes se concentram na eficiência produtiva, que não pode ser tudo, ainda que possa ser importante.

Ainda que estes dados do PISA sejam importantes, não se pode considerar que isoladamente sejam indicativos da eficiência da educação, mas ajudam a provocar discussões que são importantes. No Brasil, estes conhecimentos mínimos de matemática, leitura e ciências parecem ainda precários, mesmo que estejam melhorando. Parece que há uma necessidade de melhoria radical, com a adoção de uma filosofia educacional, preparação de professores garantindo-lhes status e remuneração condigna na sociedade, além dos aparelhamentos materiais das escolas.

Observa-se que a população está procurando corrigir suas deficiências, com um elevado número de estudantes noturnos nos mais variados cursos, desde os superiores como os profissionalizantes. Também os cursos à distância estão sendo utilizados, inclusive provenientes do exterior. Muitos procuram complementações ou pós-graduados em outros países. Mas ainda tudo isto parece insuficiente, quando comparado com o que está sendo feito em outras nações que estão conseguindo mecanismos mais amplos e intensos, de elevada qualidade, onde os asiáticos estão se destacando.