Manipulações de Câmbio em Londres
19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: citação de nomes e instituições bancárias, fatos já conhecidos, mas não de forma tão explícita, termos pesados utilizados pela Bloomberg
Poucas vezes na história dos meios sociais de comunicação um artigo como o escrito por Liam Vaughan, Gavin Finch e Bob Ivry, que se encontra no site da Bloomberg, utilizou termos tão pesados como Cartel, Clube de Bandidos, Máfia, mencionando nomes dos operadores envolvidos e dos bancos a que pertencem na manipulação do trilhonário mercado de câmbio. Envolve todo o mercado mundial e continuam sendo investigados, inclusive por instituições como o BIS – Banco Internacional de Compensações, o Banco Central dos Bancos Centrais. Já se sabia há tempos destas irregularidades envolvendo taxas como a Libor – London Interbank Rate, como câmbios entre muitas moedas operadas em Londres, mas nada tinha sido apresentado de forma tão didática e explícita.
Citam-se as principais denúncias feitas em muitos países por variadas autoridades, como instituições envolvidas do nível da UBS – Union de Banques Suisses, RBS – Royal Bank of Scotland, Citigroup, Deutsche Bank, JPMorgan Chase, Barclays e sênior dealers como Richard Usher, Rohan Ramchandani e Matt Gardiner. Informa-se que 20 minutos antes do fechamento do mercado, às 4:00 PM de Londres, alguns operadores se reuniam, definindo as taxas de referência para mais de US$ 3,6 trilhões de fundos de pensões, poupanças e gestores de fundos de todo o mundo que seriam utilizadas em poucos segundos. Maximizavam os lucros das instituições e as bonificações recebidas pelos operadores, o que é confirmado por muitos depoimentos. Tenta-se regulamentar estas operações de Berna até Washington, mas elas acabavam sendo dificultadas por estes e outros bancos que comandam o mercado.
Os bancos hoje são demasiadamente grandes e podem causar dificuldades sistêmicas em todo o mundo. A integridade do mercado está em jogo, como os fundos dos aposentados de muitos países, fundos como do BlackRock que contam com US$ 4,1 trilhões, e fundos oficiais como de US$ 1,2 trilhão dos fundos de pensão do Japão. Segundo acadêmicos, este mercado está mais sujeito aos conluios do que os de títulos e valores, pois estes estão mais controlados pelas autoridades, enquanto a moeda estrangeira não é considerada como investimentos. Poucas diferenças podem proporcionar grandes lucros.
Algumas denúncias estão sendo examinadas pelas autoridades europeias e norte-americanas que contam com grandes equipes, com alguns operadores suspensos em suas atividades. Isto está sendo feito também no âmbito policial como no Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Os instrumentos mais rápidos de comunicação instantânea estão sendo utilizados, inclusive da Bloomberg.
No mercado de câmbio, Londres parece contar com mais de 41%, Nova Iorque com 19% e Cingapura com 6%, segundo o BIS. Cerca de US$ 5,3 trilhões mudam de mãos por dia, sendo uma parte imediata e outras de futuros. Existem indícios do pagamento de propinas. Muitos operadores são de sofisticadas operações de hedge. Quatro bancos controlam mais da metade do mercado de câmbio, informando-se que o Deutsche Bank teria 15,2%, o Citigroup 14,9%, o Barclays 10,1% e o UBS 10,1%.
Há uma referência (benchmark) fixada 30 segundo antes da 4:00 PM de Londres, para o WM/Reuters rate para 160 moedas, que acaba sendo disseminada pela Would Markets, e pela Thomson Reuters, sendo que Bloomberg fornece os dados nos seus terminais.
Os mercados futuros são regulamentados, mas é difícil saber-se sobre os operadores que estejam usando informações privilegiadas, mas tenta-se punir operadores que estejam fazendo operações combinadas, que reduzam as possibilidades de concorrências leais.