Uma Avaliação Duvidosa do Salão de Automóveis de Tóquio
19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: algumas adaptações necessárias, salão de automóveis de Tóquio inadequado para estrangeiros, um artigo do Wall Street Journal publicado no Valor Econômico | 1 Comentário »
Um artigo elaborado por Yoshio Takahashi, originalmente do Wall Street Journal, foi publicado em português no Valor Econômico, informando que o gosto peculiar dos japoneses para muitos produtos, inclusive automóveis, está dentro do que chamam de cultura de Galápagos. Ou seja, são específicos para os japoneses, o que inibiu as participações da General Motors, Ford e Chrysler no Salão de Automóveis deste ano em Tóquio. Os japoneses criaram carros pequenos e econômicos no pós-guerra e estes não estariam contando com demanda no mundo, inclusive os híbridos que combinam a utilização da gasolina com energia elétrica. Ainda que isto possa ser uma avaliação parcialmente correta, parece que há outras razões que poderiam ser acrescentadas numa apreciação mais isenta.
O mundo parece que caminha no sentido da sustentabilidade, o que faz com que os automóveis estejam se tornando mais compactos, consumindo menos combustível. Os híbridos, ainda caros, estão se disseminando em todo o mundo, pois as baterias de lítio estão ficando cada vez mais eficientes, fazendo com que os automóveis possam circular cerca de 50 quilômetros com o auxílio da energia elétrica que está sendo recarregada nas baterias nos momentos em que os veículos não estão sendo acelerados, acabando por ficar mais eficiente nos centros urbanos do que nas estradas. Os carros minúsculos estão voltando para os mercados internacionais, pois todos entendem que são mais fáceis de serem manobrados nos trânsitos caóticos que prevalecem na maioria dos países.
Novos modelos compactos da Honda e da Toyota
O que parece acontecer, também, é que o mercado japonês está na vanguarda dos atendimentos das populações idosas que continuam aumentando em todo o mundo. Tomando o meu exemplo pessoal, que possuo também o Corolla da Toyota como o Fit da Honda, eu fico com a impressão que os novos modelos apresentados na feira de Tóquio acabam sendo mais indicados para os idosos, ainda que seus preços pudessem ser mais adequados.
Sendo ele de menor dimensão, mas mais altos, eles ficam mais adequados para o meu uso, que já passei ha muito dos setenta anos. Em qualquer vaga, os menores são mais fáceis de serem manobrados, e sendo mais altos, permitem entrar e sair com maior facilidade, sem bater a cabeça nos tetos cada vez mais baixos, notadamente nas portas.
Os veículos baixos com design esportivo são adequados para os jovens, mas extremamente incômodos para os idosos que não possuem mais a mesma flexibilidade corporal. Mesmo nos táxis, como os de Londres, ainda que não contem com os designs atualizados, acabam sendo confortáveis para aqueles que necessitam andar com alguns volumes. Muitos produtos estão sendo adaptados para os consumidores idosos, que constituem para muitos uma parcela significativa do mercado.
Parece que existem muitos produtos que devem visar os grandes mercados internacionais, mas a existência de tantos modelos de diversas marcas mostra que as variedades adaptadas a cada um dos segmentos passam a ser importantes. Isto vem indicando a necessidade da existência de setores de pesquisas em cada uma das localidades em que estes produtos são colocados, com a adequada tropicalização, pois muitas condições são diferenciadas em cada mercado.
Ainda que a estrutura básica possa ser comum, cabe ajustar as produções para as preferências dos consumidores, que sabem exatamente em que condições estes veículos e outros produtos serão utilizados.
Por mais que esses projetos japoneses sejam realmente adequados às necessidades de outros mercados, os rumos um tanto peculiares que o design dos carros japoneses toma acaba fomentando algumas resistências em mercados ocidentais.