Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Visões de Estudiosos Brasileiros e Chineses

19 de dezembro de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: dois volumes, estudos para serem examinados com profundidade, intercâmbio entre a FGV e a ILAS/CASS

Acabaram de ser publicados dois volumes com o título geral “Armadilha da renda média”, pela Editora FGV, Rio de Janeiro, 2013. No primeiro volume, autores brasileiros, incluindo o prefácio e a introdução, elaboraram quatorze tópicos tratando dos principais assuntos que interessam a todos os estudiosos que pretendem entender este país chamado Brasil e seus problemas. No segundo volume, doze tópicos elaborados por autores chineses tratam de assuntos relacionados com o seu país, que nem sempre são entendidos adequadamente por aqueles que pretendem conhecer a China. Este trabalho decorreu de uma parceira do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) e do Instituto de Estudos da América Latina da Academia de Ciências Sociais da China (ILAS/CASS). Merecem ser estudados com todo o cuidado por todos que se interessam pelos países que acabaram sendo englobados como BRICS, por serem grandes do ponto de vista geográfico e emergentes do ponto de vista econômico, ainda que apresentem diferentes problemas, que podem proporcionar conhecimentos aproveitáveis por todos.

Tratando-se de organizações tradicionais e respeitáveis, contam com profissionais treinados para diversas análises de temas diferentes, que são tratados com os cuidados e seriedades que merecem. Os dados contidos nestas análises são os mais confiáveis disponíveis em ambos os países e como os que são responsáveis pelos diversos tópicos estão treinados no seu uso sabem muitas vezes das limitações que os cercam. O que poderia se discutir é o título, “Armadilha da renda média”, que decorre de um seminário efetuado com a participação de brasileiros e chineses que vem sendo adotada por muitos estudiosos, que acabam dando uma impressão da existência de um determinismo para a passagem de um nível de renda per capita, quando cada caso parece um caso, não se devendo induzir a generalizações desta espécie. A capa escolhida acaba sugerindo que os problemas seriam apavorantes.

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No primeiro volume, o competente Luiz Guilherme Schymura, diretor do FGV/IBRE, elaborou o prefácio, que faz um resumo das grandes diferenças existentes entre os dois países, mas que as experiências de ambos podem servir de lições para outros. Aproveitando trabalhos já apresentados, autores brasileiros fazem colocações sobre as visões destas armadilhas, a visão de longo prazo, as inovações no Brasil, a educação, as desigualdades no país, a previdência social, a baixa poupança, o federalismo fiscal, o setor financeiro, o ambiente de negócios, o setor externo, a agropecuária e as políticas públicas.

No segundo volume, Zheng Bingwen, diretor do ILAS/CASS, explica as funções exercidas por cada um dos autores chineses, que dão a visão deles sobre estas armadilhas, as determinantes do desenvolvimento chinês, as inovações tecnológicas, a educação, as mudanças recentes na China, o sistema de seguridade social, o comércio exterior, as reformas de mercado, o setor financeiro, o crescimento da economia verde, os desafios existentes e as escolhas estratégicas efetuadas, tudo traduzido para o português.

Portanto, poucas serão as oportunidades para que textos tão relevantes para ambos os países estejam reunidos em dois volumes, permitindo que os leitores interessados possam entender mais profundamente os problemas existentes e os esforços que foram e estão sendo efetuados para a sua superação, o que vem impressionando o mundo, e podem melhorar reciprocamente as soluções que deverão ser adotadas para o futuro.

Eles também mostram que estes gigantescos países emergentes estão se empenhando para dar a sua contribuição para a economia cada vez mais globalizada, que continua melhorando o padrão de vida de milhões de habitantes, ainda que ainda existam aspectos que podem ser aperfeiçoados.