Candidatura de Dilma Rousseff à Reeleição
27 de janeiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: Carta aos Brasileiros de Dilma Rousseff em Davos, dificuldades econômicas e políticas, dificuldades que se acumulam num período difícil da economia, PT admite o segundo turno
Num artigo publicado por João Domingos no O Estado de S.Paulo informa-se que muitos dirigentes do PT – Partido dos Trabalhadores admitem que na próxima eleição presidencial a possibilidade de um segundo turno seria extremamente elevada, quase certa. Entre eles estaria Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, e o presidente nacional do partido Rui Falcão, ainda que o marqueteiro João Santana tenha revelado uma opinião diferente em outubro do ano passado. A continuidade de muitas manifestações contrárias às vultosas obras da Copa do Mundo, ainda que com um número mais limitado de participantes, seria um dos motivos que provocaria a redução do apoio à presidente, o que já se observou também com Lula da Silva. Os resultados econômicos, com a falta de um crescimento mais robusto, e uma persistente pressão inflacionária e um desemprego em ascensão seriam fatores que estariam contribuindo para esta situação.
Dadas as claras resistências dos empresários brasileiros e estrangeiros em apoiarem o atual governo, entendendo que existe uma exagerada interferência governamental no mercado, em setores que variam da energia à elaboração da infraestrutura, levaram a presença de Dilma Rousseff na reunião do Fórum Econômico Mundial realizado em Davos. O governo está sendo culpado pelo baixo crescimento econômico, persistência das pressões inflacionárias e até um aumento do desemprego. Ela fez um longo pronunciamento informando sua posição ideológica, que seria algo semelhante com a Carta aos Brasileiros de Lula da Silva, que deixou uma clara posição a favor do comando do mercado, além de participar de uma reunião restrita com os empresários, como noticia o artigo de Claudia Safatle publicado no Valor Econômico, tentando reduzir a desconfiança do mercado.
Gilberto Carvalho Claudia Safatle
Sem a participação dos empresários nos investimentos, tanto no aumento da capacidade produtiva interna como nos projetos de infraestrutura que estão sendo licitados, não haveria como manter um crescimento razoável da economia brasileira, cujas contas externas também passam a depender dos investimentos externos como dos financiamentos.
Como a economia mundial ainda não está se recuperando com o vigor desejado, as exportações brasileiras ficam mais complicadas, ao mesmo tempo em que as desvalorizações cambiais necessárias aumentam a pressões inflacionárias e elevam os juros. Isto não favorece o crescimento da economia brasileira e a criação do emprego.
Claudia Safatle informa que estas posições expressas em Davos contaram com a contribuição de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central do Brasil. Ele vem adotando uma política monetária mais restritiva, com o aumento da taxa Selic que serve como referência, pois o governo não consegue conter o seu custeio, deixando espaço para mais investimentos. Com isto, reduz as pressões inflacionárias, sobre as quais Dilma Rousseff garantiu que continua preocupada na perseguição da meta inflacionária.
Também revelou que pretende um superávit fiscal para assegurar que a dívida pública continuará sob controle mesmo num ano eleitoral. Todos compreendem estas posições, mas tudo indica que aguardam a evolução durante o ano, para confirmar que o governo está executando o anunciado.
Os dados brasileiros não estão tão críticos como os alardeados por alguns analistas, devendo se admitir que a recuperação mundial também esteja abaixo do esperado, tanto no mundo desenvolvido como nas contribuições dos países emergentes que enfrentam suas dificuldades.
Para o Brasil, continua crítico o crescimento da economia chinesa que está se desacelerando, ainda que ligeiramente. O fato objetivo é que a economia brasileira não veio dando a importância para o setor externo, nos momentos em que seus preços permitiam conseguir os recursos necessários, ainda que as quantidades exportadas não viessem crescendo como desejado. Ao mesmo tempo, as reformas não foram efetuadas, com o prestígio do governo dependendo dos programas assistências ao lado da ampliação de sua classe média, que é algo inusitado no mundo, que piorou a sua distribuição de renda no passado recente.
Tudo indica que a disputa eleitoral será acirrada, mas também a oposição, mesmo com a sua aglutinação no segundo turno, não vem se revelando eficiente, com o anúncio de um programa que dê forma aos anseios da população. Ainda que uma situação econômica mais difícil tenda a beneficiar os que estão fora do poder.