Publicações da Estação Liberdade da Literatura Japonesa
26 de janeiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: descoberta do filão japonês, produções recentes de 2013, sucesso editorial com Musashi de Eiji Yoshikawa, traduções refinadas
Certamente foram as publicações dos dois volumes monumentais de Eiji Yoshikawa, Musashi, nas suas muitas edições que a Editora Estação Liberdade descobriu que assuntos relacionados com a cultura japonesa tinha um público no Brasil, podendo ser um sucesso editorial. Com as traduções e notas competentes como de Leico Gotoda, descobriu-se que, além das obras propriamente ditas que se referiam às culturas muito diversas da Ocidental, havia um espaço importante para esclarecer sobre aspectos nem sempre familiares aos leitores brasileiros, enriquecendo a todos com importantes conhecimentos culturais adicionais que ajudavam na compreensão adequada de trabalhos consagrados de escritores japoneses.
Recentemente, em 2013, publicaram outros trabalhos do Prêmio Nobel de Literatura de 1968, Yasunari Kawabata, como A Gangue Escarlate de Asakusa, onde o bairro mais tradicional de Tóquio é descrito numa época específica. Situa-se no começo da Era Taisho (1923) quando o Japão tinha grande interesse no que acontecia no Ocidente, ao mesmo tempo em que coisas do Extremo Oriente Asiático, notadamente do Japão, despertavam atenções dos intelectuais modernistas de Paris, como expressos nas pinturas que apresentam alguns objetos japoneses. Outro trabalho de grande interesse de Natsume Soseki, como Sanshiro, refere-se ao começo do século, mostrando o fascínio que o conhecimento proveniente do Ocidente exercia sobre os escritores japoneses, inclusive nos alunos que frequentavam a Universidade de Tóquio de então.
O livro do Prêmio Nobel foi traduzido e conta com notas de Meiko Shimon, e o de Natsume Soseki de Fernando Garcia, ambos competentes e extremamente esclarecedores, ajudando a compreender muitas expressões que seriam difíceis para os leitores brasileiros que não tenham um profundo conhecimento das coisas japonesas. Até os que possuem algumas familiaridades com estes conhecimentos ficam enriquecidos com detalhamentos precisos que permitem aprofundar estas noções.
Todos sabem que na Era Meiji, o Japão voltou-se a abrir para o exterior, procurando absorver rapidamente os avanços que se observavam no Ocidente, do qual ficaram bastante isolados por séculos. Os comportamentos, principalmente europeus, provocavam uma verdadeira revolução no Japão, até nos lugares como restaurantes, como é um exemplo à decoração do Sakagura A1 de São Paulo de hoje, que pretende reproduzir algo deste clima nostálgico, o que ainda não foi compreendido por muitos.
Oliveira Lima, o consagrado escritor brasileiro, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, no seu fundamental No Japão – Impressões da Terra e sua Gente, publicado inicialmente em 1903, já antecipava estas mudanças que estavam ocorrendo no transcorrer da Era Meiji, que teve fases distintas. Seus principais interlocutores eram os professores estrangeiros que estavam na Universidade de Tóquio.
Para quem tem interesse nestas mudanças radicais, os dois livros recentes dão uma mostra do que ocorria no Japão, que lamentavelmente é ainda pouco conhecido dos leitores brasileiros, lacuna que está sendo preenchida. As descrições que foram feitas há décadas mostram a evolução por que passava a metrópole de Tóquio, nos seus lugares principais que ainda continuam sofrendo aperfeiçoamentos, mas que são conhecidos de todos que moraram algum período nesta metrópole.
De um ladom um panorama do que ocorria em torno da Universidade de Tóquio, instituição que tinha se criado para formar a elite intelectual e dirigente do país, onde professores apresentavam o pouco que conheciam do Ocidente pelos livros, ainda nos seus primórdios. Aliás, nas livrarias de Kanda, notadamente nos sofisticados sebosm até hoje se encontram muitos destes verdadeiros documentos que retratam parte do que se passou pelo Japão da época.
O Japão era muito diferente de hoje, e a diferença de Kumamoto, ao sul do país, com a capital Tóquio era acentuada, e um estudante que vinha destas regiões distantes eram verdadeiros caipiras, que procuravam absorver o comportamento cosmopolita que estava se consolidando na metrópole.
Haja tempo para se deliciar e absorver todos os conhecimentos que a Editora Estação Liberdade coloca à disposição de todos os leitores brasileiros, com edições primorosas, que enriquecem os trabalhos dos próprios consagrados escritores.