As Atuais Turbulências na Economia Mundial
3 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: exageros na ansiedade e no nervosismo, pronunciamentos desnecessários, quadro previsível, recuperação lenta | 2 Comentários »
Num cenário em que os primeiros dados relacionados com a recuperação da economia norte-americana não se mostram tão robustas como desejadas, ao mesmo tempo em que os dados chineses baseados nas percepções dos gerentes de compras se mostram mais difíceis para a manutenção de uma redução gradual do seu crescimento, acrescentam-se desnecessárias manifestações de ansiedade como o de secretário do Tesouro dos EUa Jacob Lew no Bipartisan Policy Center que explicita a necessidade de um rápido acordo para elevação do endividamento pelo Congresso para evitar artifícios contábeis ou um potencial default fiscal. Os mercados estão exageradamente nervosos, mesmo que estas dificuldades já estivessem no radar, não havendo necessidade de considerações tão conservadoras.
Todos sabem que num processo de recuperação lenta como a que se observa atualmente na economia norte-americana, os dados mensais podem apresentar pequenas flutuações que mostram que não seriam os mais desejáveis, mas não indicam problemas mais profundos que determinam as mudanças das tendências de recuperação que estão se delineando. Também na economia chinesa, todos sabiam que as reformas indispensáveis são difíceis de serem efetuadas, podendo haver turbulências momentâneas, fazendo com que o crescimento de 7,5% possa ser um pouco mais baixo, pois não existe precisão tão segura nas estimativas elaboradas. É preciso que haja um razoável intervalo com margens para estas estimativas. Mesmo que todos tenham consciência que o existe uma profunda divisão nos Estados Unidos, com o Congresso estabelecendo estreitos limites para o Executivo, ninguém pode imaginar que os parlamentares sejam tão irresponsáveis para conduzir a sua economia para uma situação de default.
Congresso dos EUA Casa Branca
O fato concreto é que se registram grandes quedas nas cotações das bolsas em todo o mundo, bem como bruscas variações cambiais em muitos países, mostrando que os que atuam em mercados tão sensíveis acabam ampliando as flutuações naturais agravadas por situações específicas como da Argentina ou da Turquia. Nada do que está ocorrendo está surpreendendo as estimativas dos analistas experientes, que esperavam como naturais às dificuldades que estão se registrando.
Se existe atualmente algo de errado é que as ordens de compras ou vendas de ações como de moedas que se tornaram ativos financeiros estão sendo feitos automática e instantaneamente pelos computadores, quando se registram altas ou baixas acima de determinados limites. As arbitragens para diferenças mínimas se tornaram rotinas, tornando muitas operações especulativas, como os decorrentes dos rápidos fluxos financeiros, envolvendo bilhões de dólares.
O sistema financeiro, ainda que reconhecendo que isto não é saudável, resistem às regulamentações mínimas tentadas pelas diversas autoridades, imaginando que podem usufruir lucros quando não se está ajudando na recuperação mundial. O setor que deveria ser de apoiar as atividades produtivas e de consumo estão tentando se manter como finalidades em si, como se especulações fossem úteis para as sociedades em que estão inseridas.
Há que se considerar que a melhoria do nível de bem estar de todas as sociedades dependem da melhoria da produtividade, tanto do capital que é empregado como dos recursos humanos envolvidos, e somente os patamares superiores de eficiência que se consegue com os aperfeiçoamentos tecnológicos podem proporcionar resultados que poderiam ser mais bem distribuídos pelos membros destas coletividades. Existe sim, uma consideração moral que precisa ser feita pelos que estão envolvidos em economia.
O acirramento das turbulências em nada ajudam as atividades produtivas e todos devem contribuir para a redução das mesmas.
Os mercados reagem tempestivamente aos dados, não entendem direito seus caprichos e nem enxergam seus determinantes, achando que os números falam por si mesmos. Na verdade, os “traders” são tão pouco inteligentes que para os mais espertos é fácil ganhar dinheiro nesses movimentos… A cabeça dos “traders” envolve só duas variáveis que explicam quase 100% dos movimentos dos preços, mas isso só na cabeça deles. Os “traders” são minimalistas, mas o mercado é essencialmente fundamentalista. Uma outra oportunidade é a tentativa do mercado precificar incerteza, evento sem probabilidade. É realmente uma incerteza se China vai ter uma crise bancária sistêmica que vai abalar os emergentes decisivamente, mas isso não é risco, pois não tem histórico, não tem como atribuir probabilidade. Os “traders” são soberanos, mas podem estar errados e quase sempre estão. Na média com perdas e ganhos, a maioria fica levemente negativa. Só os investidores ou analistas que se apegam aos fundamentos conseguem fazer lucros mais consistentes.
Caro Hugo Penteado,
Muito obrigado pelos seus comentários. No atual mundo conturbado, somente com análises profundas das alternativas de investimentos podem se localizar as oportunidades que existem.
Paulo Yokota