Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Considerações de Dani Rodrik Sobre os Emergentes

11 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: considerações importantes de Dani Rodrik de Princeton, o problema das economias emergentes no momento, título inadequado para um artigo importante

Um resumo interessante, mas incompleto foi apresentado pelo professor Dani Rodrik no Project Syndicate e reproduzido em português pelo Valor Econômico, colocando seus pontos de vista sobre os problemas que estão sendo enfrentados pelos países emergentes, inclusive o Brasil, bem como gigantes asiáticos. Os emergentes tinham adquirido importância no mundo quando economias desenvolvidas como a dos Estados Unidos, da Europa e do Japão enfrentavam suas dificuldades. No entanto, nem todos os países emergentes aproveitaram o momento, quando seus produtos de exportação contavam com bons preços, para efetuar as reformas que necessitavam. Todos acabaram valorizando suas moedas, e agora enfrentam dificuldades.

O que Dani Rodrik não deixa muito claro é das dificuldades dos países emergentes enfrentarem o violento aumento dos fluxos de recursos externos, provocado pela política de easing monetary policy, como dos Estados Unidos que inundaram a economia mundial de recursos financeiros, que agora começam a ser contraídos aos poucos. O sistema bancário mundial se opunha aos controles dos fluxos monetários internacionais, e nenhum país emergente isoladamente poderia tomar medidas restritivas, sem correr fortes riscos de ser isolado do mundo globalizado. Mas, ele tem razão sobre as outras faltas de providências para reformas que agora são obrigados a executar.

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Professor Dani Rodrik

O autor coloca muito claramente que poucos países conseguiram superar a sua classificação de emergentes para passarem a ser considerados desenvolvidos. O Brasil, por exemplo, não foi capaz de manter o seu sistema de exportação que já tinha atingido um estágio razoável, e não compreendendo que suas crescentes receitas de moedas externas não decorriam das melhorias dos preços dos seus produtos exportados, basicamente minérios de produtos agropecuários. A economia brasileira acabou permitindo uma importação exagerada de produtos manufaturados que acabam inibindo o seu setor industrial, ao mesmo tempo em que não conteve a expansão dos seus custeios públicos, reduzindo a sua capacidade de investimentos, e nem conseguiu completar a sua estabilização monetária que eliminasse as pressões inflacionárias.

O professor Dani Rodrik chama atenção para estas dificuldades que não foram somente do Brasil, mas de muitos outros emergentes, que agora sofrem com os refluxos dos financiamentos externos. Os investimentos não foram elevados no processo de globalização.

O câmbio flutuante deveria ser o mecanismo de neutralização dos fluxos financeiros internacionais, mas ele é brusco e quando algumas economias são consideradas potencialmente interessantes há um exagero de ingresso, que poderia ser controlado pelos estabelecimentos de condições como prazo mínimo e juros razoáveis, que sofrem resistências dos sistemas financeiros internacionais.

Segundo o autor, existe uma equivocada ideia da coordenação da política monetária e fiscal dos Estados Unidos, que só se concentra nos seus interesses locais, não se preocupando com o que acontece no resto do mundo. Os países emergentes deveriam montar suas próprias políticas para defender seus interesses.

Lamentavelmente, ainda que muitos países emergentes como os chamados BRICS ainda que tenham percebidos o aumento de suas importâncias, não foram capazes de articular os seus interesses que certamente nem todos eram semelhantes. Procuraram suas vantagens também locais, como a China que conseguiu aproveitar muitos dos interesses para conseguir volumosos investimentos, tanto em capacidade produtiva como na ampliação da infraestrutura, mas que enfrenta outros problemas que agora deseja atacar com as reformas que está tentando implementar.

A dura realidade é que o poder dos países já desenvolvidos é imenso, enquanto os países emergentes ainda engatinham na adequada defesa dos seus interesses, que ficam muitas vezes confundidos com os dos investimentos provenientes do exterior, bem como os excessos de financiamentos que acabaram inundando o mundo, e que agora precisam ser corrigidos.

É preciso reconhecer também que os meios de comunicação social também ficam subordinados aos interesses do sistema financeiro, sem que pressionem no sentido do aumento das pesquisas e outras medidas que elevem a eficiência das economias emergentes, para que elas tenham condições de competitividade quando não contam mais com os ventos favoráveis provenientes do exterior. Também os dirigentes políticos de muitos países emergentes não foram capazes de perceber o que estava acontecendo, pensando que os períodos de benesses eram permanentes, podendo usufruir somente de suas vantagens, sem que reformas duras fossem efetuadas.