Economia de Energia e Água no Brasil
7 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: desperdício de água, excesso de ar condicionado no verão, exemplos de localidades que enfrentam carência | 2 Comentários »
Os brasileiros que sempre contaram com abundância de água potável no país e energia elétrica de origem hidráulica barata enfrentam novas situações, notadamente nos principais centros metropolitanos com a possibilidade de racionamentos dos seus fornecimentos. As chuvas não têm sido contínuas e intensas, fazendo com que os reservatórios estejam em níveis críticos, principalmente se nas próximas semanas não se registrarem mudanças climáticas sensíveis. Os meteorologistas informam que somente no final de fevereiro haveria possibilidades de chuvas, não se sabendo sobre a sua intensidade, principalmente na região Centro Sul do país.
Como o Brasil é um país sabidamente amplo, com relativa abundância de águas potáveis, não se desenvolveu uma cultura para a sua economia, havendo um consumo exagerado, bem como desperdícios no seu fornecimento como no seu uso, pois suas tarifas são baixas. Os sistemas de abastecimentos são do início do século XX, construídos pelos ingleses, e as tubulações utilizadas continuam as mesmas, sem uma manutenção adequada. Da sua captação ao transporte para os locais de consumo existem perdas substanciais que nunca foram objetos de sua eliminação de forma sensível, pois as tarifas das águas não eram compensadoras. Em alguns centros estas captações estão ocorrendo atualmente a grandes distâncias, que tendem a se elevar.
Desperdícios de água devem ser evitados
Sistema Cantareira está em nível crítico
Verificando alguns países como o Japão onde estes fornecimentos exigem tarifas elevadas, observa-se que os seus consumos são controlados. Nos seus verões, os sistemas de ar condicionado são controlados, como nos hotéis e nos edifícios, para que as temperaturas só cheguem a cerca de 25 graus centígrados, pois reduzir mais demanda muita energia. Também se adotam costumes que dispensam os paletós e gravatas mesmo nos gabinetes como do primeiro-ministro, o que se chama “cool biz”, com todas as autoridades trabalhando também com manga de camisa. Também foram desenvolvidas roupas que reduzem a sensação de calor durante os dias mais quentes.
Na realidade, tratando-se o Brasil um país tropical, o que o presidente Jânio Quadros tentou introduzir, que era uma roupa do tipo utilizado em alguns países tropicais asiáticos, seria o mais conveniente. O formalismo ainda vigente no país não se justifica, e o povo tenta se adaptar ao calor exagerado, pois os locais que são utilizados por eles não contam com odiosos privilégios reservados para as elites.
É preciso admitir que as tarifas de água e energia elétrica estão sendo reajustados, e não são mais baratas como no passado. Nada mais natural que o sistema de preços funcione, e técnicas para a sua economia sejam mais rapidamente introduzidas. Os aparelhos eletrodomésticos, no geral, utilizados no Brasil ainda são exageradamente consumidores de energia, dispondo-se de tecnologias para os reduzirem.
Também não são ainda utilizadas suficientemente as tecnologias chamadas “smart gride” que permitem sistemas que proporcionam a sua economia em conjuntos mais amplos ou até mesmo em cidades, utilizando-se computadores que identificam onde está havendo maiores desperdícios, e como poderiam ser evitados.
O Brasil, que sempre privilegiou as suas elites, passou a contar com uma distribuição de renda mais razoável, que tende a consolidar esta tendência. Seria interessante que, mesmo os que podem pagar, também sejam induzidos às economias.
Por que será que os dekasseguis não se interessam por notícia do Brasil?
Caro Cristiano,
Como todos os trabalhadores comuns, os que estão no Japão se interessam mais diretamente com o que os afetam diretamente. Mas, muitos acompanham o que acontece no Brasil, diante da possibilidade que tenham de voltarem para o país, e também para sabem como estão seus familiares.
Paulo Yokota
Paulo Yokota