Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupantes Tendências Com Relação à Maconha

1 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: a falência das sociedades, a preocupante lógica na sua liberação, os paralelos com os cigarros e bebidas alcoólicas

As controvertidas argumentações que a liberação do uso da maconha para fins medicinais e recreativos que está ocorrendo em diversos lugares do mundo é preferível às imposições de restrições adicionais de difícil controle são preocupantes. Não se trata de um posicionamento idealista ou moralista com falta de pragmatismo, mas da necessidade de considerações mais profundas sobre o que está em jogo. Muitos fazem paralelos com o uso das bebidas alcoólicas ou do fumo, admitindo que existam inconvenientes que precisam ser minimizados, com um reconhecimento da nossa dificuldade para controlar os problemas insanáveis. Todos implicam em elevados custos para a sociedade, que acabarão sendo arcados por todos para atender as aspirações de outros que pensam ao contrário.

Tanto no caso do cigarro como das bebidas alcoólicas são desenvolvidas campanhas mostrando os danos para a saúde, bem como aumento dos desastres evitáveis decorrentes dos seus usos, que implicam em pesados custos. Não se discute mais se o cigarro causa danos à saúde, obrigando publicidades dos casos dramáticos como de câncer nos pulmões, que implicam em elevados gastos que são arcados por toda a população nos seus tratamentos e cuidados paliativos, e tudo indica que em muitos segmentos o seu uso tenha reduzido, ainda que aumentado em outros, como entre as mulheres e os jovens. De forma análoga, o uso exagerado de bebidas alcoólicas aumenta os desastres como os rodoviários, ceifando vidas inclusive de inocentes, provocando restrições para serem servidos nos estabelecimentos localizados nos arredores das estradas, mesmo admitindo que seja de alcance limitado, mas transmitindo o conceito que é uma medida restritiva.

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Todos sabem que a maconha como outras drogas similares são utilizadas para que as pessoas fujam da dura realidade a que estão submetidas. Como a morfina em situações de dores extremas em casos terminais de câncer, sabendo que não resolvem o problema, mas podem minorar as dores. Lamentavelmente, nem todos os seres humanos conseguem controlar o seu uso, acabando por abusar destas formas que permitem a sua fuga da realidade, com certa habitualidade. O problema acaba sendo do campo da psicologia, e o seu uso só será eliminado se o paciente estiver decidido neste sentido.

Muitos alegam que a maconha é inofensiva, mas existem também especialistas que admitem que ela possa ser um caminho para o uso de drogas mais pesadas. A legislação brasileira e de muitos lugares admite que seus usuários sejam as vítimas, e os criminosos a serem combatidos são os traficantes. Mas, infelizmente, existe até um juiz que deu um despacho inicial alegando que a maconha é de uso recreativo.

Os que se empenham nas campanhas para esclarecimento dos jovens sobre os efeitos nefastos das drogas devem estar mais frustrados com estas decisões recentes, em diversos lugares. Há que se admitir que cada ser humano seja diferente do outro nos seus comportamentos, devendo a sociedade se preocupar com os mais frágeis, como as crianças e os jovens que ainda não completaram a sua capacidade de julgamento mais amadurecida de decisão.

Muitos admitem que a criminalidade seja inerente aos seres humanos, e só em algumas sociedades extremamente autoritárias vem se conseguindo resultados como a sua redução, com duríssimas penas para os que infligem as normais existentes, que também não parece à situação desejável.

Não aparenta que exista uma solução razoável para o problema. Pode-se argumentar também que localidades que haviam liberado estes usos reformularam as orientações anteriores, possivelmente por não ter alcançado resultados satisfatórios. Em qualquer alternativa, parece que o aumento da discussão destes temas pode acrescentar algumas luzes para que as decisões que venham a ser tomadas sejam as mais conscientes possíveis, tanto coletivamente como individualmente.