The Economist Volta Com Entusiasmo Sobre o Xisto
13 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: entusiasmo com os efeitos geopolíticos subestimados, exemplo para outros países, novos artigos do The Economist sobre o xisto, tecnologia genuinamente privada e americana | 2 Comentários »
A revista internacional The Economist, que costuma ser cuidadosa em suas avaliações, volta a manifestar entusiasmo excepcional com a exploração do xisto (shale) nos Estados Unidos, com artigos já disponíveis na sua versão eletrônica, que devem sair no seu número impresso da próxima semana. Estima que a exploração do petróleo e do gás naquele país pode deve acrescentar 2 a 4% ao PIB norte-americano, com a redução dos efeitos danosos sobre o meio ambiente, na medida em que substitui as utilizações do carvão mineral, criando duas vezes mais de emprego que a indústria automobilística. E as suas produções nos campos do Texas e Dakota do Norte são mais rápidas do que a exploração nas plataformas do Golfo do México.
Este entusiasmo decorre desta atividade do fraqueamento (“fracking”) estar sendo efetuada por elevado número de empresas privadas, que é da ideologia da revista, utilizando tecnologia americana, onde diversas organizações competem para oferecer avanços tecnológicos mais eficientes, inclusive para resolver os problemas dos financiamentos dos investimentos indispensáveis. Não depende somente da disponibilidade de reservas de xisto. Além da utilização de informações de satélites, as explorações horizontais a elevada profundidade utilizam altas tecnologias com grande precisão, e são injetados águas com produtos químicos para provocar fissuras nas rochas, liberando o petróleo e o gás que são sugados para a superfície. Estima-se que os Estados Unidos devem superar a produção da Arábia Saudita até 2020.
Campos de exploração de xisto nos Estados Unidos
A revista entende que do ponto de vista do resto do mundo também os benefícios são positivos, como nos geopolíticos. Além de ser relativamente limpa, reduziria o poder da Rússia sobre os países europeus, provocando com a redução da importação americana, uma melhoria no quadro de preços da energia no mundo. A hipótese de desequilíbrio no Oriente Médio, a revista entende que sua produção continuará sendo necessária no mercado mundial, e os demais países devem contribuir para que suas rotas de suprimento continuem desobstruídas, não dependendo somente dos chineses.
Entendem que as refinarias dos Estados Unidos serão beneficiadas, por receberem petróleo mais barato e conseguirem manter os preços dos derivados, elevando a sua rentabilidade. Denota, com isto, que a revista parece partilhar dos interesses das grandes fornecedoras de combustíveis do mundo, que são oligopólios conhecidos.
Também entendem que o oleoduto Keystone XL, que deve ligar as produções das áreas betuminosas do Canadá com as refinarias americanas, terá superada as objeções dos ecologistas para a sua utilização plena. Certamente, muitas indústrias que utilizam muita energia terão vantagens comparativas nos Estados Unidos. Fica claro que a revista se posiciona contra as orientações dos russos e dos chineses, posicionando-se a favor da democracia liberal.
A revista constata que muitos países dispõem de reservas de xisto, e na medida em que sigam as orientações liberais dos Estados Unidos talvez consigam os mesmos efeitos que estão sendo alcançados, com avanços tecnológicos expressivos, dada a ampla colaboração da criativa atividade empresarial privada, mesmo que tenham restrições do ponto de vista ambiental.
Na realidade, pelo que se conhece até hoje, as reservas encontradas ou potenciais em muitas partes do mundo apresentam características diversas, exigindo que as tecnologias sustentáveis sofram profundas adaptações locais, não havendo somente formas para utilizar as tecnologias que foram desenvolvidas pelos Estados Unidos.
Pois é, esse novo cenário irá atrapalhar os planos da Petrobras…
Ademais, a exportação de gás era uma das alternativas da estatal para escoar o gás presente nas reservas do pré-sal em momentos de baixo consumo no país.
“Pelo preço de hoje, a Petrobras não consegue nem pôr o gás do pré-sal no navio”, diz Edmilson Moutinho, professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP.
Caro Diego,
O gás natural costuma estar entre os menos poluentes e baratos. Precisamos muito do gás natural para o abastecimento de nossas indústrias, e dispomos também muito gasoduto pouco utilizado. Acredito que seria interessante deixar o gás natural fora do controle da Petrobrás, que já não consegue atender a todas as suas necessidades de investimentos. Tudo indica que dispomos de mais gás do que já dimensionamos, principalmente na Amazônia. Temos bauxita e podemos produzir mais alumínio, entre outros produtos.
Paulo Yokota