A Economia Chinesa Tende a Voltar Para Ser Normal
14 de março de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: as colocações recentes do Premiê Li Keqiang, evitando uma derrocada, o default ocorrido e futuros
Ainda que muitos analistas e operadores no mercado internacional apreciassem que a economia chinesa continuasse a ser excepcional, as decisões recentes mostram que se faz um esforço razoavelmente controlado para tender a ser normal. O default ocorrido no pequeno produtor de equipamentos de energia solar, Chaori Solar, mostra que as autoridades daquele país estão determinadas a utilizar, de forma controlada, os mecanismos normais de uma economia de mercado, não assegurando a qualquer custo que empreendimentos inviáveis tivessem a garantia do governo. Se isto continuasse a ser feito, os que investissem ou emprestassem a empreendimentos mal administrados usufruiriam resultados expressivos com os juros pagos, totalmente fora das regras de mercado. Muitos meios de comunicação social do mundo anunciaram tal decisão por intermédio da declaração do premiê Li Keqiang.
Ainda que seja esperado que outros e pequenos empreendimentos tenham destinos semelhantes, não se pode esperar que as autoridades chinesas permitissem uma brusca e descontrolada redução do crescimento da economia da China, pois se persegue uma meta de 7,5%, representando uma desaceleração do tipo que pode ser considerado um “soft landing”. Os muitos instrumentos disponíveis naquela economia, que sempre sofreu uma intervenção governamental mais acentuada do que na maioria das economias ocidentais, permitem visualizar esta possibilidade. Se até nos Estados Unidos as medidas do chamado “easing monetary policy” estão sendo reduzidas paulatinamente, de forma cautelosa para não agravar a incipiente recuperação que se processa na economia mundial, não se poderia esperar senão uma atitude sensata também na China, mesmo que tais dosagens apresentem sempre dificuldades de uma sintonia fina.
Primeiro-ministro chinês Li Keqiang
As autoridades chinesas também possuem a plena consciência de que fazem o que é possível, não o que seria desejável. As decisões de aumentar a influência do mercado já estão tomadas, e a tendência neste sentido continuará a ser perseguido. Mas, também sabem que estes processos podem provocar uma perigosa derrocada, provocando algo como um risco sistêmico, que não se restringiria somente à China, mas teria uma consequência mundial.
Pelo que se conhece da formação dos atuais dirigentes chineses, sabe-se que estão suficientemente conscientes de todas as dificuldades, e que tendem a ser cautelosos nos ajustamentos indispensáveis. Nem um pânico interno ou internacional seria tolerável.
Mesmo que algumas distorções persistam por algum tempo, não dependendo somente do mercado, certamente sua influência irá aumentando no tempo, de forma cautelosa e na medida do possível. As grandes metas nacionais já foram anunciadas, e todas as providências para que elas sejam alcançadas, mesmo com pequenas variações, deverão ser tomadas. Seria uma surpresa muito grande admitir-se o contrário, ou que o processo fuja totalmente do controle.