Incapacidade Operacional do Ocidente na Ucrânia
3 de março de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: artigo no International New York Times, dificuldades de Barack Obama, incapacidade operacional do Ocidente
Um artigo publicado por Peter Baker no International New York Times apresenta um claro quadro da lamentável incapacidade do Ocidente atuar em favor da Ucrânia, cuja população se manifestou a favor da sua maior integração com a Comunidade Europeia afastando-se da influência da Rússia. Todos sabem que a Ucrânia é uma das mais avançadas regiões da antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas do ponto de vista econômico e mesmo depois da sua dissolução continua disputada pela Rússia com a qual faz fronteira, tendo na região da Crimeia sessenta por cento de população de origem russa, onde também está estacionada a parte relevante da marinha da Rússia que tem acesso ao Mar Negro.
As informações disponíveis é que tropas russas já ocupam pontos estratégicos da Ucrânia, concentrada na região da Crimeia, com a alegação que defendem os cidadãos de origem russa bem como as instalações militares que mantém nesta região. Vladimir Putin conseguiu do senado russo a autorização para o envio de tropas para a Ucrânia, sabendo-se que o poder militar russo é muito superior ao ucraniano, que ainda conta com um governo provisório, depois da destituição do antigo presidente que fugiu da capital Kiev. O artigo mencionado informa que está se repetindo o que aconteceu na Geórgia em 2008, onde parte deste país acabou sendo incorporado à Rússia.
Noticiou-se que Barack Obama teria telefonado para Vladimir Putin informando que a intervenção na Ucrânia teria elevados custos, e o que se pode contar até agora é o cancelamento da participação norte-americana nos preparos da próxima reunião do G-7 mais a Rússia, de pouco efeito prático. Da mesma forma, a reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, provocada pelo Reino Unido, não teve condições alguma para possíveis sanções, pois os russos possuem poder de veto. Assim, do ponto de vista prático, a Rússia não conta com nenhuma sanção, tendo o custo de enfrentar maiores dificuldades na integração internacional para acelerar o seu processo de desenvolvimento, mas nada havendo ainda neste sentido. Tudo acaba ficando no campo da retórica diplomática e nos meios de comunicação social do mundo.
Esta lamentável situação revela que o mundo continua sendo comandado pelos que possuem a força e determinação de enfrentar somente os custos de uma opinião pública mundial que possa ficar contrariada. Como tais eventos podem se repetir em outras partes do mundo, como na Ásia, fica-se com a impressão que não está se conseguindo avanços na governança mundial que permitam uma consagração das aspirações populares, mas daqueles que contam com a força efetiva, com a constante redução deste poder da parte do mundo ocidental, notadamente com o sensível declínio da capacidade de atuação dos Estados Unidos.