Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Cuidados dos Idosos no Japão

4 de março de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, Saúde | Tags: alimentação e exercícios, artigo sobre os idosos no Japão no Financial Times, custos mais baixos que nos Estados Unidos, percentual elevado no Japão, tratamentos paliativos domésticos

Se existem regularidades em alguns fenômenos ligados aos seres humanos, os mais previsíveis estão no campo da demografia. Os japoneses estão entre os povos mais idosos, contavam com 5% da população em 1950 com mais de 65 anos e hoje eles são 25% tendendo-se a elevar nas próximas décadas. Como a taxa de fertilidade da japonesa está entre as mais baixas no mundo, com 1,41 nascimento por mulher, há uma tendência inexorável na redução da população, pois o número de imigrantes naquele país é irrisório. O governo efetua uma campanha para estimular a gravidez, mas os resultados são pífios. O Japão é obrigado a efetuar um movimento para admitir muitos asiáticos, que falem o idioma japonês, para ajudar a cuidar dos seus idosos, com destaque dos filipinos e alguns latino-americanos. Suas remunerações costumam ser compensadoras, pois usualmente contam também com casa e comida, cujos custos no Japão são elevados.

Um artigo de David Pilling, um especialista no assunto, foi publicado no Financial Times e reproduzido em português no suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico. Explica-se parte dos problemas no Japão, pela saudável alimentação da população que consome relativamente muito peixe, e muitos, principalmente os idosos, praticam exercícios como o gateball e tai chi chuan. Ainda assim, a despesa total com a saúde no Japão é de 9,3% do PIB, enquanto nos Estados Unidos chega a 18%. A expectativa de vida dos homens é de 80 anos e das mulheres de 86 anos entre os japoneses.

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Apesar de muitas escolas primárias no Japão estarem sendo transformadas em locais para atender os idosos que não contam com os familiares para cuidar deles, como isto acaba resultando em cuidados insuficientes, estimula-se que os mesmos permaneçam nos seus lares, recebendo visitas regulares dos médicos no que são ajudados na sua saúde psicológica. Com a influência do confucionismo, o respeito aos idosos, mesmo dos que necessitam ficar acamados, é praticado na medida do possível, mas muitas circunstâncias da vida atual não permitem a todos os seus descendentes cuidarem dos seus idosos.

Os médicos envolvidos nos programas para assistência aos idosos procuraram preservar a qualidade de vida na sua fase final, não se focando no prolongamento da mesma. O artigo do Financial Times faz uma série de comparações com outras situações no mundo, mostrando que o problema hoje é universal. Como todos os países enfrentam dificuldades financeiras, o exemplo japonês mostra que está se conseguindo uma redução relativa dos seus custos com a preservação da saúde dos idosos.

No Japão, observa-se que mesmo os idosos que estão aposentados procuram exercer alguns trabalhos adicionais, mesmo que em tarefas mais simples e por jornadas mais curtas. Mas existem os que procuram preencher suas vidas com muitas tarefas, inclusive algumas voluntárias.

Como na maioria dos países, os idosos detêm um patrimônio acumulado durante suas vidas úteis, hoje até ajudam os jovens em algumas de suas necessidades. O trabalho é encarado como uma realização, mesmo que envolvam tarefas humildes. Alguns continuam praticando esportes normais, mesmo que envolvam alguns riscos, constituindo em razões para viverem.

Como para muitos idosos, o sonho é continuar trabalhando até morrer, se possível de morte súbita…