Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Recuperação da Construção Naval Japonesa

13 de abril de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no Nikkei Asian Review, necessidade de mais prazo para atendê-los, surpreendentes volumes de encomendas

Algumas medidas de política econômica que vieram sendo adotadas dentro da chamada Abeconomics estão resultando em mudanças surpreendentes. A construção naval japonesa, que era competitiva no pós-guerra, diante da política cambial imposta aos japoneses pelo chamado G-7 que manteve sua moeda valorizada, ficou estagnada com relação aos seus concorrentes coreanos e chineses por muitas décadas. Agora, com a easing monetary policy que vem sendo adotada pelo Bank of Japan, provocou-se a desvalorização do yen a tal ponto que ela está recebendo encomendas nos últimos anos que não consegue atender no prazo desejado. Estas indústrias pesadas não contam com flexibilidade para aumentar a sua capacidade rapidamente, mas com o tempo, diante da disponibilidade de tecnologia, vai acabar mais competitiva que seus concorrentes internacionais.

O artigo de Yuta Takashima publicado no Nikkei Asian Review informa sobre estas mudanças importantes que estão ocorrendo. É evidente que não se trata somente da situação cambial, mas da disponibilidade de tecnologia da indústria de construção naval do Japão que tem uma longa tradição. Uma parte inicial das encomendas nasceu da capacidade japonesa para a produção de navios destinados à liquidificação do gás e seus transportes às grandes distâncias. Com a mudança cambial, outras encomendas, em nível surpreendente, começaram a chegar a muitas indústrias japonesas do setor, que, além de enxugarem seus custos, vem como provocando fusões que aproveitavam as sinergias possíveis de muitas empresas.

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Mitsui Engineering’s Chiba Woks constante no Nikkei Asian Review

Segundo a Associação de Exportadores de Navios do Japão, as encomendas no ano fiscal de 2013, que terminou em março último, os contratos para estes fornecimentos aumentaram em 75,9%, e a capacidade de produção já está tomada até o outono japonês de 2016. As encomendas chegaram a 16,49 milhões de toneladas brutas, quando o Brasil no período anterior que contava com a colaboração japonesa como da Ishibrás para lançar cerca de 1 milhões de toneladas anuais.

Atualmente, os coreanos e chineses contam com 70% do mercado mundial, mas o fortalecimento do won coreano, por exemplo, acabou reduzindo a rentabilidade de suas empresas. Também os chineses enfrentam dificuldades com seus problemas de financiamento competitivo.

Estima-se que a capacidade total da indústria de construção naval do mundo esteja em cerca de 100 milhões de toneladas, sendo que as encomendas atuais estão pela sua metade. O Brasil precisa considerar esta realidade na programação dos navios indispensáveis para o pré-sal que estão atrasados nos seus atendimentos, com custos elevados.

Haverá uma acirrada competição com bons produtos, exigindo tecnologia de ponta. As unidades japonesas estão mais enxutas que as coreanas e chinesas, dispondo de tecnologia que foram sendo aperfeiçoadas no longo período em que passaram por dificuldades.