Barack Obama e Países Asiáticos e Paralelos com o Brasil
23 de abril de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: a viagem no noticiário internacional, dificuldades ocidentais com Rússia na Ucrânia, o fronte com a China
O Ocidente procura formas de enfrentar a Rússia nas questões relacionadas com a Ucrânia e os antigos países participantes da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas que Vladimir Putin procura restabelecer, ainda que não conte com recursos financeiros para tanto. Ao mesmo tempo, a China ascende de importância econômica, política e militar exigindo que os Estados Unidos, a Europa e seus aliados asiáticos procurem estabelecer um mínimo de posição comum, ainda que não contem com estadistas para tanto. Barack Obama, que já aparenta ser um lame duck, ainda que tenha muitos anos de mandato, não consegue nem fazer com que Shinzo Abe e componentes do seu governo não aumentem suas tensões com os seus vizinhos, como chineses e coreanos, procurando avançar com entendimentos comerciais como o TPP – Transpacific Partnership, como parte da agenda de sua viagem por alguns países asiáticos.
Mas, lamentavelmente, jornais japoneses como The Japan Today acabam destacando mais o jantar de membros importantes do governo japonês e dos Estados Unidos no conhecido restaurante de sushi, JIro, que conta com três estrelas do guia Michelin e cujo custo de um jantar começa em torno de US$ 300 por pessoa. Acaba sendo uma indicação que tanto o confronto potencial do Ocidente com a China como o TPP deve sofrer limitações naturais da falta de fortes lideranças políticas, de forma similar com o que acontece na Europa com a Rússia. Isto acontece também na economia japonesa, apesar dos esforços dentro do chamado Abeconomics.
Barack Obama é recepcionado no Aeroporto Internacional de Haneda, em Tóquio
Como para enfatizar esta pobreza, Alexandra Forbes publica no suplemento Comida da Folha de S.Paulo sua frustração com o Sushi Nakazawa em Nova Iorque, muito considerado pela crítica inclusive do The New York Times, inspirado no Jiro de Tóquio. Na realidade, o uso de restaurantes japoneses consagrados começou com Junichiro Koizumi ao convidar George W. Bush, que pode ter o significado limitado, não sendo os ambientes mais adequados para tratar de problemas fundamentais da economia e da política mundial.
Isto sugere aos analistas, que mesmo entendendo que os mais variados assuntos devem ser tratados nestas viagens, que não se deve criar uma expectativa de grandes avanços em problemas mais sérios que determinam tendências para o comportamento do mundo nas próximas décadas.
Uma das poucas vantagens de considerações como estas é que problemas graves enfrentados pelo Brasil, tanto do ponto de vista econômico como político, acabam tendo que ser amenizados, por problemas idênticos que ocorrem no mundo, com a participação das grandes potências.
Também aumenta a consciência que o Brasil está inserido no mundo globalizado, e parte de suas dificuldades são provenientes do exterior. Mas, na medida em que se intensificam os artigos publicados na imprensa mundial sobre o Brasil, até diante da proximidade da Copa do Mundo, lamenta-se que muitas mazelas que poderiam ser evitadas parecem se tornar endêmicos, distanciando-nos do sonho de passar de emergente para desenvolvido, diante da constelação de recursos naturais e humanos disponíveis.
Ainda que o Brasil venha melhorando em muitos aspectos, a frustração maior parece decorrer da grande diferença do que existe de seu potencial sempre destacado com a dura realidade que continua sendo enfatizado pelos meios de comunicação.