Continuidade dos Projetos de Smart Grid
10 de abril de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no Valor Econômico, diversos tipos existentes, prosseguimento dos projetos de smart grid
Se há uma tecnologia já comprovada como eficiente em diversas partes do mundo, ela é a do smart grid que procura gerenciar sistemas que utilizam de forma eficiente o consumo de energia. Como as elevações das tarifas de energia tendem a se elevar no Brasil, com as inúmeras dificuldades que estão sendo enfrentadas pelo setor, nada mais racional e rentável que os investimentos que permitem o seu gerenciamento eletrônico. Isto ocorre numa região que conta com uma rede de distribuição de energia para consumos industriais, comerciais, de serviços bem como em complexos empresariais ou de residências que contam com variadas demandas, onde muita energia continua sendo desperdiçada.
O ex-ministro Dias Leite costumava insistir que a energia mais barata é a economizada, pois, por mais que tenham se aperfeiçoadas determinadas gerações e distribuições, os investimentos que proporcionam a economia na sua demanda acabam sendo mais interessantes. E todos admitem que os desperdícios existentes no Brasil são gritantes, começando na rede de distribuição que se encontra em situação calamitosa. O smart gride permite detectar onde os consumos estão sendo exagerados, permitindo a tomada de medidas para a sua racionalização. Ainda que algumas empresas já estejam procurando a eficiência no uso de energia, ela ainda é pouco significante, condicionado pelos hábitos e pela cultura consolidada ao longo de períodos onde as tarifas eram relativamente baixas.
Alguns aparelhos elétricos e lâmpadas que consomem muita energia já estão sendo substituídos pelos mais eficientes. Mas, poucos são os esforços sistêmicos que permitem detectar os desperdícios que estão ocorrendo.
Todos sabem que os sistemas elétricos são críticos nos seus picos de demanda, havendo possibilidade de programar algumas tarefas para os horários onde os demais usos estão baixos. É evidente que os consumos para iluminação de uma cidade ou de conjuntos residenciais podem ser diferentes dos consumos industriais.
De forma semelhante, dentro das empresas ou conjuntos comerciais ou residenciais existem variadas possibilidades para muitas diferentes programações dos consumos. Em muitos países, notadamente nos verões, as programações dos ares condicionados podem ser efetuadas para se evitar demandas exageradas, com o nível de refrigeração programado. Não parece necessário que muitos corredores que ficam vazios tenham a temperatura de uma câmara frigorífica.
Quando o Brasil enfrenta problemas de risco de “apagões”, quando as ofertas na rede nacional não conseguem atender todos os picos de demanda, parece que as autoridades deveriam estar dando a máxima prioridade para as medidas de aumento da racionalidade no seu consumo, até porque continua enfrentando dificuldades no aumento substancial de sua oferta.