Mudanças nos Check Ups do Japão Para Redução dos Custos
1 de maio de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde | Tags: eficiência na medicina preventiva, possibilidade de redução das despesas de saúde, proposta conjunta explicada no Yomiuri Shimbun, proposta para um sistema padrão
Há um razoável consenso de que a medicina preventiva pode reduzir as despesas com a saúde, um problema que é universal. O Japão tem sido pioneiro na adoção dos check up de forma ampla, um sistema que se chama Ningen Dock, efetuando-se os exames aprofundados setorialmente, ou seja, para os que apresentam maior propensão para determinadas moléstias, no qual os exames são detalhados. Com isto, reduz-se o custo destes exames para todos que são somente básicos. Como os padrões utilizados variam por instituições, há um esforço no sentido de unificação dos critérios propostos conjuntamente pelo The Japan Society of Ningen Dock e The National Federation of Health Insurance Societies para estabelecer quem são as pessoas consideradas supersaudáveis. Com o simples exames das pressões arteriais e dos níveis de colesterol, tenta-se estabelecer um padrão para eles, ainda que sempre existam vozes discordantes sobre doenças que podem estar sendo negligenciadas. O assunto foi objeto de um artigo elaborado por Jun Sugimori e Masanori Tonegawa e publicado no Yomiuri Shimbun.
Escolheu-se pesquisar um conjunto de 340 mil homens e mulheres para se estabelecer o padrão dos supersaudáveis entre 1,5 milhão de beneficiários de Ningen Dock. Os escolhidos não deviam possuir doenças crônicas, não fumar e o seu consumo de bebida alcoólica não exceder a 0,18 litro de saquê por dia. Os limites propostos, para que houvesse uma posição comum, foram flexibilizados, como na pressão arterial sistólica subindo dos 129 atuais para 147, o índice de massa corporal superior ao atual de 25 para 27,7 para os homens e 26,1 para as mulheres. Alguns críticos consideram que não foram considerados os riscos de AVC – acidente vascular cerebral. Outros indicadores associados estão sendo sugeridos como níveis de colesterol e açúcar no sangue, ou parentes com AVC ou infarto cardíaco, como pessoas que precisam também receber exames médicos adicionais.
Tabela publicada no Yomiuri Shimbun
O padrão de colesterol é o ponto que gera maiores discórdias entre os especialistas, pois muitos consideram os padrões sugeridos como excessivamente flexíveis.
É preciso considerar também que o sistema de atendimentos médicos no Japão apresentam algumas particularidades. Todos os planos de seguro de saúde são aceitos por todos os prestadores de serviços, diferindo com os brasileiros onde existem credenciamentos de serviços para cada um dos planos disponíveis.
Quando ocorrem os sinistros, as permanências dos pacientes nos hospitais costumam ser mais longas, ainda que a regra seja de atendimento em todos em locais considerados enfermarias, não havendo apartamentos com níveis diferenciados como no Brasil.
Não é comum haver acomodações para acompanhantes, e muitos exames em sequência são efetuados para grupos de pacientes, como se fossem em série num local amplo. Os pacientes e seus problemas são considerados normais, não havendo reservas ou salas individuais para conversas reservadas com os médicos.
Tudo isto leva a uma tendência para redução dos custos, de forma que o atendimento possa ser feito para toda a população. Somente as grandes cirurgias de complexidade acabam ficando reservadas para os hospitais que também são instituições de ensino.
Tende a existir uma forte hierarquia nas instituições médicas, como em outras localidades, com o critério básico do tempo de serviço dos profissionais. Aos mais jovens são determinados os procedimentos mais simples ou indicados para localidades mais distantes.