Pecuária na Amazônia Segundo o Financial Times
31 de maio de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo do Financial Times, efeito no novo Código Florestal, pecuária na região de Alta Floresta – MT
Um interessante artigo foi publicado por Joe Leahy no Financial Times, que está atento ao trabalho executado pela ONG ICV – Instituto Centro de Vida que atua na região de Alta Floresta, município que foi instalado pelo colonizador Ariosto da Riva como consequência de uma colonização privada que ajudei a implantar quando era presidente do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. O artigo informa que, como consequência do novo Código Florestal, cuja regulamentação prática foi publicada no último dia 5 de maio e restringe o desmatamento, pecuaristas de gado de leite, como Wilson Wittman, originário do sul do Brasil, como a maioria dos que atuam na região, estão desenvolvendo trabalhos que estão elevando suas produtividades do gado leiteiro com medidas simples. Como muitos, eles chamam a região de Floresta Amazônica, quando na realidade está localizada nos seus contornos, mas as regras florestais são as mesmas, ou seja, o máximo de 50% de aproveitamento agropecuário, com o restante 50% preservado como reserva florestal.
Ainda existem muitas áreas que não chegam a este limite de utilização, que permite que sejam destinados para a compensação de propriedades que excederam no desmatamento legal, e necessitariam efetuar o reflorestamento. Mas a limitação do desmatamento acaba induzindo aproveitamentos mais intensivos e racionais, como os que estão sendo estimulados pela assistência dada pelo ICV – Instituto Centro de Vida aos produtores rurais, que contavam com o lobby da CNA – Confederação Nacional da Agricultura para coibir medidas mais drásticas exigidas pelo novo Código Florestal que já completa dois anos depois de sua aprovação. Com a regulamentação do CAR – Cadastro Ambiental Rural, que tem somente um ano para ser atendido pelos produtores, a nova regulamentação entra na sua fase prática, que se espera seja obedecida da melhor forma possível, inclusive no prazo exíguo.
Vista aérea de Alta Floresta
O artigo informa que este produtor conseguiu a 7.000 litros de leite ano por hectare, cerca de 7 vezes a média do Estado de Mato Grosso, com simples medidas como a limpeza das tetas das vacas com iodo para reduzir as bactérias que reduzem a produtividade. Ele encoraja as vacas a se manterem em pé depois da ordenha, de forma a evitar a contaminação do úbere.
Estas técnicas estão sendo disseminadas junto aos produtores pela ONG ICV, que suplementa o trabalho que no passado era feita pelo órgão de assistência técnica do Estado, inclusive com a reunião de produtores para verificar num dia de trabalho o que os produtores mais eficientes estão conseguindo, provocando o efeito demonstração.
Muitos destes trabalhos, que aparentam ser de “formiguinhas” e se espalham até pelas regiões pioneiras do Brasil, mostram que os produtores rurais estão se organizando e conseguindo aumentar a sua produtividade, evitando o desmatamento que só provocaria um aumento da produção pela extensão por novas áreas, com a ajuda de entidade sem finalidade de lucro do setor privado.
Hoje, estes trabalhos estão sendo reconhecidos e estimulados com a disseminação das informações efetuadas pelo Observatório do Código Florestal, uma organização civil que foi formada por sete organizações como o IPAM – Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia, o WWF (World Wildlife Fund) Brasil, SOS Mata Atlântica, IVC – Instituto Centro de Vida, NTC – The Nature Conservative, CI – Conservação Internacional e ISA – Instituto Socioambiental.
Observa-se que entidades internacionais estão bastante motivadas, pois os esforços brasileiros se constituem em exemplos universais, quando até países hoje desenvolvidos acabaram com suas florestas, restando somente alguns pequenos parques nacionais. O esforço que vem sendo feito pelo Brasil, pelas criações de reservas supera em tamanho tudo que existe até nos Estados Unidos, completando o que é feito pelo setor privado.
Uma nova frente que está sendo atacada no Brasil é a dissiminação do plantio direto que reduz a emissão de carbono do simples manejo do solo pela agricultura. Na realidade, o país está realizando uma verdadeira revolução, e continua aumentando a sua produção de alimentos para ajudar o resto do mundo.