Problema Demográfico do Japão e Consequências Econômicas
31 de maio de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: consequências econômicas, opções com a imigração, os problemas demográficos
Entre as previsões possíveis para o futuro, as demográficas estão entre as que apresentam maiores precisões. E elas influenciam fortemente as evoluções econômicas possíveis em países como o Japão. Ainda que o atual governo de Shinzo Abe tente eliminar o processo de deflação, que é um problema mais difícil que o controle do processo de inflação, tentando recuperar o crescimento econômico do país, o quadro demográfico japonês está entre os mais desfavoráveis. O assunto está sendo discutido intensamente no Japão, tendo chegado até o The Economist que lhe dedica um artigo na sua edição japonesa, que também consta do seu site.
O mais dramático neste quadro é que, além da tendência de queda substancial do total da população nas próximas décadas, com muitas cidades ficando vazias, observa-se uma redução de sua população em idade ativa (de 15 a 64 anos) que contribui com o seu trabalho e pagamentos dos impostos. Ao mesmo tempo, a faixa de idosos (acima de 65 anos) aumenta, implicando em elevados gastos sociais com saúde, aposentadoria e assistência social. Como até as crianças (até 14 anos) declinam, as escolas fundamentais ficam com menos alunos, enquanto as demandas de casas de repousos para idosos dependentes aumentam.
Publicado no The Economist
As medidas imaginadas pelo governo japonês para elevar a taxa de natalidade no Japão não apresentam eficiência. O máximo que está se conseguindo é que as mulheres no Japão estão trabalhando formalmente mesmo depois de terem os seus filhos, mas a maioria em tempo parcial, pois os empregos de tempo integral naquele país acabam se estendendo para programas fora da hora do expediente.
Para suprir parcialmente a carência de recursos humanos, as autoridades japonesas autorizaram vistos temporários de trabalhos para os descendentes de japoneses que foram para o Japão principalmente da América do Sul. Agora tentam enfermeiras das Filipinas e da Indonésia para atenderem os idosos no Japão, desde que falem o idioma local. Também trabalhadores e mesmo estudantes asiáticos estão sendo estimulados para irem para o Japão, mas também eles acabam sendo temporários.
O Japão, com uma população com mínima mistura étnica e a população com uma cultura desenvolvida num arquipélago, não estava preparado para um multiculturalismo, tanto nas escolas, hospitais como até em lugares de trabalho. Acabam ocorrendo incidentes, inclusive criminais, difíceis de serem contornados com famílias de trabalhadores provenientes do exterior.
Com esta redução da população no país, a construção civil de residências é somente para as suas melhorias de padrão, não necessitando de quantidades adicionais, ainda que muitos jovens passassem a morar em separado, quando no passado muitos contavam também com os seus pais na mesma localidade.
Neste quadro, uma forte ativação da economia japonesa apresenta-se como algo difícil de ser conseguido. O que parece que necessita ser imaginado são medidas que induzam o Japão a repetir as evoluções como os países escandinavos, que também não contam com populações crescentes, e também os idosos estão aumentando.