Receitas dos Bancos Com Serviços
8 de maio de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no Valor Econômico, bancos obtêm receitas com serviços, o que pode explicar estes resultados
Um interessante artigo foi publicado no Valor Econômico contando com a autoria de Carolina Mandi e Vinícius Pinheiro. Com base nos resultados obtidos pelos bancos neste início do ano, num período em que a expansão do crédito não está sendo expressiva e há uma concorrência na taxa de juros que está num patamar elevado, constata-se que eles estão obtendo resultados expressivos com os serviços que prestam. Os quatro maiores bancos listados juntos na Bolsa, o Banco do Brasil, o Itaú Unibanco, o Bradesco e o Santander obtiveram US$ 19,5 bilhões no primeiro trimestre com serviços, um acréscimo de 11,5% com o mesmo período do ano passado, quase o dobro da inflação. Seria interessante especular sobre as razões destes fenômenos.
Muitas explicações estão sendo dadas pelos bancos. Conseguiram aumento dos seus clientes, estão conseguindo mais operações com cartões de crédito, aumentaram as intermediações de seguros, conseguem taxas de administração de fundos, e não se referem a aumentos das tarifas. No fundo, como remuneram expressivamente os seus executivos, conseguem recursos humanos da melhor qualidade que inovam e aumentam atividades de serviços dos mais variados, voltados à grande massa dos seus clientes. A escala com que operam permite resultados que não podem ser obtidos por outros operadores de menor porte, ao mesmo tempo em que inovações tecnológicas continuam sendo introduzidas nas suas operações.
Ainda que operações vinculadas com outras estejam proibidas, é fácil constatar que os gerentes dos bancos possuem uma elevada capacidade para induzir seus clientes a utilizarem seus serviços. Todos os correntistas contam, praticamente, com cartões de crédito de diversos tipos que são debitados nas contas correntes. Os seguros de seus automóveis como imóveis, bem como os de vida, acabam sendo feito com a interveniência destes gerentes. Os fundos de investimentos acabam sendo sugeridos, fazendo com que saldos das contas bancárias não fiquem sem rentabilidades mínimas, ainda que mesmo abaixo da inflação.
Como os bancos trabalham utilizando sua credibilidade, todas as operações que envolvem estas considerações acabam sendo mais facilmente efetuadas com seus funcionários. Além das relacionadas com o pagamento de contas, cobranças, remessas de recursos e outras que já eram tradicionais dos bancos. Muitos destes serviços contam com ajuda da informática que de outra forma necessitariam de trabalhos especializados como dos contadores, que não conseguem competir com os bancos dadas as suas escalas.
Evidentemente, os bancos necessitam contar com serviços internos de “complience”, pois muitos dos interesses dos variados setores em que atuam podem acabar sendo conflitantes, e informações sigilosas podem beneficiar alguns dos seus agentes. Por exemplo, algumas empresas clientes podem atuar na Bolsa, e pode cogitar de lançamentos adicionais de seus papéis. De posse de informações privilegiadas, alguns agentes ou pessoas a eles chegados podem obter vantagens antecipadas em algumas operações. Os bancos tomam o cuidado que estes setores estanques não contem com informações provenientes de outros.
De qualquer forma, o exagerado agigantamento dos bancos está sendo prejudicial a toda a economia e aos consumidores, gerando situações semelhante a dos oligopólios, exigindo regulamentações adequadas das autoridades, o que nem sempre ocorrem como nos exagerados fluxos financeiros internacionais, que acabam afetando as taxas de câmbio, os juros e a própria política monetária e financeira de uma economia.
Os problemas que estão sendo enfrentados pelos grandes bancos internacionais exigem redobradas cautelas das autoridades brasileiras. Pelo que se sabe, nos bancos brasileiros, não estão ocorrendo problemas de ética que estão sendo constatados nos Estados Unidos ou na Europa.