Shigeru Ban Vencedor do Pritzker no Brasil
19 de maio de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: arquiteto Shigeru Ban vencedor do Pritzker considerado o mais importante no mundo, notícia no suplemento Ilustrada da Folha de S.Paulo, sonho de trabalhar com madeiras na Amazônia
O arquiteto japonês Shigeru Ban, 56 anos, recebeu recentemente o Prêmio Pitzker, considerado o mais importante no mundo na área da arquitetura, equivalente a um Nobel. Com modéstia, informou que ainda não se considerava digno para receber este prêmio, ele que vem trabalhando com diversos materiais, inclusive a madeira. Ele que já conhece o Brasil de visitas anteriores, tendo conhecido a Amazônia, acertou com o Ministério do Meio Ambiente trabalhos arquitetônicos importantes na região, utilizando madeiras apreendidas de extrações ilegais. Deverão ser construídos postos de visitantes e pesquisadores nos parques nacionais amazônicos, torres de observações e escolas para populações locais. Ele declarou que adora trabalhar com madeiras, e esta oportunidade no Brasil é um sonho seu virando realidade, ele que se declarou fascinado pela Amazônia.
O que parece importante é que o Japão tem uma longa tradição de trabalho da melhor qualidade com madeira, com grandes estruturas como no século VIII quando os japoneses construíram o Todai-ji, um templo budista em Nara, que conta com espaço de 57 por 50 metros de madeira maciça, considerado o maior do mundo neste estilo. A obra sofreu incêndios e terremotos e a atual estrutura é de 1709. Existem no mundo outras grandes de madeira, mas não são maciças, como o conhecido Metropol Paranol em La Encarnacion, na Espanha, do arquiteto alemão Jünger Mayer-Hermann, com 150 metros por 70, mas que utiliza placas. Os japoneses valorizam as madeiras, inclusive nos trabalhos em detalhes.
Shigeru Ban e algumas de suas obras
Shigeru Ban não se considera um conservacionista, mas tem se preocupando com a reciclagem de materiais, o que vem fazendo desde 1990, antes que este tipo de arquitetura fosse conhecido como sustentável.
Seus trabalhos são ousados e estão espalhados pelo mundo com os mais variados materiais. O seu interesse pela Amazônia é importante, pois o governo brasileiro ainda enfrenta os problemas do aproveitamento das madeiras apreendidas, pois nos leilões afirma-se que os arrematadores costumam ser os mesmo que promoveram extrações ilegais.
Se, como cogitado, conseguir-se aproveitar estas madeiras para trabalhos que evitem desmatamentos desnecessários, haveria uma contribuição adicional para a conscientização adicional deste problema. A Amazônia apresenta uma grande variedade de madeiras, algumas que são extremamente resistentes, e, na medida em que sejam aproveitadas para a construção de escolas, pode-se conseguir um material ajustado às condições locais.
Todos sabem que as precipitações elevadas costumam predominar na Amazônia, inclusive com inundações frequentes. Se comprovar-se que algumas madeiras resistem à ação das águas e das umidades, sendo também imunes a muitas pragas, pode ser que se comprovem como as mais apropriadas para muitas construções.
Com a criatividade de um arquiteto do porte de Shigeru Ban, haverá condições de disseminação destes conhecimentos pelo mundo. O artigo elaborado por Raul Juste Lores, que atualmente se encontra em Washington, mas conhece também o Japão, informa que alguns brasileiros já estão trabalhando com este arquiteto, como a designer Claudia Moreira Salles, bem como o arquiteto Bernardo Jacobsen e o engenheiro Helio Olga Jr. É preciso juntar outros especialistas brasileiros que conheçam as madeiras amazônicas que são muitas, e bem diferentes das outras que se encontram mundo afora.
Seria um aprendizado conjunto de grande importância para o Brasil, para toda a Amazônia que extravasa os limites brasileiros, como para o mundo.