Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Ainda a Copa do Mundo e sua Cobertura

9 de junho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: a greve dos metroviários, imprensa internacional, o apoio da população, os ônus e os bônus

A Copa do Mundo de futebol está sendo considerada pela imprensa internacional o evento recente mais importante mesmo entre os de qualquer natureza, estando credenciados para a sua cobertura mais de 19 mil jornalistas, prevendo-se que mais de três bilhões de pessoas no mundo assistirão a alguns dos seus jogos pela televisão. São cifras que superam até as das Olimpíadas e, mesmo quem está acostumado a acompanhar o que é publicado nos principais veículos de comunicação social, acaba ficando impressionado com a quantidade de matérias que estão sendo divulgadas. Além dos aspectos esportivos que predominam, quanto às preparações da infraestrutura, bem como tudo que está relacionado como o atendimento de mais de 600 mil turistas internacionais, e de todos os brasileiros que conseguiram entradas para os jogos e acabam tendo que viajar pelo Brasil.

Entre as lamentáveis explorações indevidas e paralelas desta intensa atenção para o evento, figuram as reivindicações trabalhistas dos metroviários, mesmo que sua greve tenha sido considerada abusiva pela Justiça responsável pelo setor. É um problema que continua preocupando. Os dirigentes do sindicato dos trabalhadores do sistema não se incomodam com os todos os inconvenientes que estão prejudicando à população como um todo. As multas que lhes foram impostas, ou até ameaças de demissões, não parecem afetá-los diante da divulgação que conseguem. Estão conseguindo matérias em muitos jornais do mundo, que não possuem a capacidade de avaliar o que acontece no Brasil, como os reajustes salariais acima da inflação e benefícios sociais concedidos que acabem superando o percentual de 12% para uma classe já privilegiada.

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Sao Paulo’s Se subway station is all but deserted Sunday, the fourth day of a strike by workers. | AFP-JIJI.

Reconhece-se que os elevados custos da Copa do Mundo, diante de uma negociação pouco eficiente sobre as exigências da FIFA, acabaram estimulando reivindicações sociais de variados tipos, como o de transportes públicos, habitações populares, melhores atendimentos médicos e sistemas educacionais que são insatisfatórios no Brasil como em muitos lugares do mundo. Além da inabilidade do sistema de segurança para cuidar de manifestações populares, em todos os níveis de governo.

Mas, tudo indica que há exageros e inclusive aproveitamentos político-eleitorais imiscuídos com as demandas legítimas, além de um clima onde houve permissividades por parte das autoridades que acaboaram ampliando as reivindicações. Também, como em qualquer sociedade, existem pequenos grupos que desejam expressar de forma violenta suas inconformidades, que não são aceitas pela população como um todo.

No entanto, estas manifestações acabam virando notícias, pois oferecem cenas que atraem a atenção de todos, justas ou não. É também compreensível que a multidão de jornalistas, uns mais preparados, outros curiosos sobre países emergentes, também acabe dando atenção aos acontecimentos paralelos de um país como o Brasil, difícil de ser compreendido.

O que se tem observado é que o noticiário internacional acaba sendo mais neutro do que as condenações às autoridades que proliferam na imprensa nacional. A oportunidade para a divulgação do acolhimento amistoso que está sendo proporcionado para as delegações estrangeiras bem como muitas qualidades brasileiras acabam sendo ofuscadas por lamentáveis acontecimentos.

O que se espera é que a imprensa internacional tenha capacidade para separar o joio do trigo.