Exemplos do Futebol Para Variados Setores
31 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: caso da Europa, exemplos de Harold James, o futebol utilizado para argumentos geopolíticos
Já se observou que o futebol é utilizado até pelo ex-Presidente Lula da Silva para explicar alguns assuntos numa linguagem popular. Agora o professor Harold James que é de Princeton e se encontra atualmente no Instituto Universitário Europeu de Florença, na Itália, com diversos livros publicados, utiliza o exemplo do futebol para explicar como os europeus poderiam resolver a crise do euro. Ele utiliza lições do EURO 2012 bem como da recente Copa do Mundo como formas para sugerir que os europeus reavivam a economia da Europa e recupere a sua identidade.
Ele se refere à reunião de 28 de julho de 2012 quando os líderes europeus se reuniram em Bruxelas sobre as incertezas da sobrevivência da zona do euro, negociando o projeto do ESM – European Stability Mechanism, exatamente quando a Alemanha jogava com a Itália a semifinal em Varsóvia. Com dois gols de Mario Balotelli ganhou a Itália, que ganhou o status de superestar. Isto provocou um entusiasmo naquele país, e o novo Primeiro Ministro Mario Monti, numa aliança com o Primeiro Ministro espanhol, Mariano Rajoy, pressionou a Chancelar alemã Angela Merkel a facilitar o acesso ao apoio ao ESM, marcando uma grande vitória para o seu país. Isto criou a imagem dos dois “Super Mario”, como se os problemas estivessem resolvidos.
Professor Harold James de Princeton
A mensagem tanto do futebol como das negociações políticas foi que havia um caminho rápido e fácil para a vitória, e questões complexas poderiam ser resolvidos por um argumento brilhante, e os superstars eram a chave do sucesso.
Na Copa do Mundo foi a Alemanha que venceu a competição. Os superstars como Neymar, Messi não foram capazes de levar suas seleções à vitória final. A equipe alemã, com bons jogadores, mas nenhuma estrela, trabalhou em conjunto, mostrando que reformas profundas de longo prazo são indispensáveis.
Em 2004, o novo treinador da seleção alemã, Jurgen Klinsmann, que tinha sido derrotada anteriormente, provocou uma revolução fundamental na educação esportiva, começando pelos jogadores jovens que tinham potencialidade. Felizmente todos entenderam, e o seu sucessor, Joachim Löw, colheu a vitória.
Isto também aconteceu na economia, onde o futebol foi buscar a sua lição. Na Alemanha, a partir de 2003, o Chanceler Gerhard Schröder, lançou as bases da reforma destinada a aumentar a flexibilidade do mercado de trabalho, lançando as bases para a prosperidade de longo prazo, inclusive com absorção de recursos humanos vindos de outros países.
Miroslav Klose veio da Polônia, Jérôme Boateng da Gana, Mesul Özel da Turquia, como muitos outros astros atuais europeus vieram de outros países. A lição mostra que não existe mágica, mas uma política de longo prazo, exigindo um trabalho coletivo.
Os problemas econômicos e políticos dos europeus necessitam absorver as lições do futebol, pensando em reformulações profundas de longo prazo. O que seria importante que os dirigentes brasileiros do futebol tivessem a capacidade de aprender com humildades lições como estas, e não imaginarem que podem continuar a explorar a galinha de ouro, quando já não se pratica um bom futebol no Brasil, havendo que se cuidar de mudanças a partir de suas bases.
A lição do professor Harold James está no seu artigo publicado no Project Syndicate.