Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças Dramáticas em Parte da Agricultura Japonesa

7 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: aceleração das mudanças com adaptações das tecnologias, artigos no Wall Street Journal e no Nikkei Asian Review, hidropônica

Desde 1985, quando da realização da Expo Tsukuba, conheci no Japão as produções hidropônicas de vegetais, bem como um tomateiro que, cultivado num ambiente artificial, produzia toneladas de tomates. Agora, novas informações disponíveis, como no artigo publicado no The Wall Street Journal por Eric Pfanner e Kana Inagaki, dão conta com muitas indústrias eletrônicas estão sendo transformadas em grandes produtoras de vegetais, utilizando tecnologias avançadas, dentro do novo programa incentivado pelo governo Shinzo Abe. Uma linha de produção de chips, num ambiente livre de contaminação da Fujitsu passa a produzir alfaces. Tudo indica que os pobres idosos japoneses, que cuidavam da agricultura, sofrerão com a concorrência de empresas de elevada sofisticação.

Também a Toshiba, que produzia discos flexíveis, começa o cultivo de hortaliças, bem como a Panasonic começa a vender computadores para o controle da produção de espinafres e outros vegetais. A Sharp começa a produzir morangos usando iluminação e tecnologia de purificação do ar. Ainda que os produtos agrícolas tenham custos mais elevados que os convencionais, tudo indica que, com o tempo, haverá aperfeiçoamentos que liquidarão as produções tradicionais, gerando um grave problema social. Alguns dos projetos alegam que procuram recuperar produções em áreas como as que foram contaminadas na região da usina de Fukushima, com funcionários vestindo jalecos para evitar contaminações aos vegetais.

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Como as produções costumam ser hidropônicas, só se conta com águas contendo nutrientes, sem que haja necessidade de terra. Alega-se que reduz o teor de potássio, que seriam inconvenientes para os idosos japoneses que apresentam problemas renais. Os produtos seriam mais resistentes ao tempo, permitindo até exportações destes vegetais para o Oriente Médio.

A Toshiba afirma que necessita de escala de produção, devendo produzir três milhões de pés de alface por ano. A Fujitsu começa com 3.500 pés por dia. Mas existem consumidores no mercado que preferem produtos orgânicos, cuja demanda está em crescimento.

Nestas produções de alta tecnologia, tudo acaba sendo controlado, como a luz e temperatura bem como os nutrientes para as diversas fases de desenvolvimento dos vegetais. Outros produtos eletrônicos, como cadeiras de massagens, também estão sendo substituídos por produções agrícolas.

Num artigo publicado por Masaru Yoshida no Nikkei Asian Review informa-se que a empresa Mirai construiu uma planta para a produção de vegetais utilizando lâmpadas LED para produzir 10 mil pés de alface por dia. As lâmpadas podem ser controladas para fornecimento de luz com comprimentos diferentes de acordo com a fase de desenvolvimento da planta.

Também as colocações das luzes acabam mudando, podendo ser inicialmente esbranquiçada, branco ou vermelho, chegando até a azul para facilitar a fotossíntese. O consumo de energia está sendo reduzido. A temperatura do ambiente também está sendo controlada.

Que a tecnologia consegue estes desenvolvimentos não parece haver dúvida. O que se espera é que os idosos agricultores japoneses, que não têm condições para enfrentar sua concorrência, sejam compensados de alguma forma, pois já vinham sendo prejudicados por outros fatores.