O Trabalho no Japão Principalmente Feminino
29 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais | Tags: artigo no Bloomberg, dificuldades para recursos humanos femininos, mudanças que não acompanham as de outros países
Um artigo publicado por Chris Cooper e Yuki Hagiwara no site da Bloomberg informa sobre as dificuldades das mulheres no Japão aumentarem a sua contribuição nos trabalhos formais de período integral, como ocorre em outros países da OCED – que reúne os desenvolvidos. Objetivo que está sendo almejado pelo governo, diante da redução de sua população na faixa do período ativo, com o aumento dos idosos e redução das crianças. Como continua vigorando naquele país a cultura dos assalariados da maioria das empresas que atingiram o nível de gerência, homens como mulheres, executarem o chamado “horas extras” que costumam ir até altas horas da noite, muitas mulheres que possuem família recusam estas promoções. Desejam contar com o período regular de trabalho nos escritórios, para jantarem em casa com seus filhos como o esposo, além de atenderem outros afazeres domésticos, como complementar a educação dos seus filhos, onde os homens continuam com poucos encargos.
De acordo com um relatório do governo japonês naquele país, somente 11,2% das mulheres ocupam cargos de gestão, enquanto no Reino Unido é de 34,2% e nos Estados Unidos chegam a 43,7%. Tendem a frustrar a intenção governamental de aumentar a sua participação, ainda que algumas facilidades estejam sendo oferecidas para elas. Na realidade, as chamadas “horas extras” não são exatamente executadas nos escritórios, mas muitas vezes em jantares com seus colegas como os clientes, que podem ser estender até os bares para bate-papos informais, onde informações vitais são intercambiadas, tentando formar os consensos sem os quais os japoneses têm dificuldades para decidirem. Muitas mulheres japonesas também se dispõem a trabalharem em casa utilizando a internet, mas as empresas japonesas ainda que utilizem muitos destes meios eletrônicos, ainda prezam as trocas de ideias em reuniões de grupos.
Mulheres japonesas, mesmo capacitadas, preferem funções subalternas, para poderem exercer também funções domésticas.
No Japão ainda predominam os casos das mulheres que abandonam o emprego formal quando engravidam, chegando a 60% delas. Depois de cuidarem alguns anos dos seus filhos pequenos, preferem voltar para empregos de tempo parcial ou os que não exigem horas extras, mesmo que sejam qualificadas.
Muitos analistas estão concluindo que os incentivos que estão sendo oferecidos, inclusive de creches nas empresas que não existiam, não funcionam no Japão. Também os homens dedicam somente 59 minutos por dia, em média, para ajudarem nos afazeres domésticos, o que é dos mais baixos entre os países da OCED.
Poucas empresas japonesas estão se empenhando na redução do período de trabalho, inclusive para os homens. Também não apresentam muitas flexibilidades, ainda que parte dos trabalhos possa ser efetuada fora dos escritórios.
As tendências que estão se observando no mundo, por questões culturais, demoram mais para serem aceitas no Japão. Mas, as necessidades de mais recursos humanos acabam obrigando mudanças, mesmo contra as tradicionais formas de atuação das empresas naquele país. Quanto mais rapidamente os japoneses consigam efetuar estas mudanças, o ajustamento de sua economia as novas condições prevalecentes poderão ser menos traumáticas.