Oizumi Ainda Continua Com Muitos Estrangeiros
2 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: artigo no The Japan Times, mesmo depois do auge, presença de brasileiros e outros latino-americanos
Um artigo de Rebeca Milner publicado no The Japan Times sobre Oizumi, na prefeitura de Gunma, informa que mesmo com o retorno de muitos decasséguis para suas terras de origem, ainda se preservam a presença de 4 mil brasileiros, representando cerca de dez por cento da população local. Muitos trabalham nas fábricas japonesas, mas outros aliviam a saudade de suas terras natais fornecendo alimentos brasileiros, o que acaba sendo enfatizando nesta época da Copa do Mundo no Brasil. A autora relata que encontrou muitos restaurantes e estabelecimentos comerciais que trabalham com produtos voltados a estes brasileiros, como outros latino-americanos, também reduzidos no número se comparado quando do auge da presença destes trabalhadores temporários, com antepassados relacionados com o Japão.
A Associação de Turismo de Oizumi informa que um dos estabelecimentos que continua atendendo os brasileiros é a Casa Blanca, que, além de restaurante, conta com uma mercearia. A autora encontrou muitos falando português, e na comida caseira encontrou o famoso arroz com o feijão preto, pratos de carne como o bife acebolado ao lado da maionese, a salada de batatas, servido dentro do sistema de coma quanto puder. Também são encontrados sucos como de goiaba e tamarindo, além do consumo do refrigerante guaraná. Na mercearia estavam sacos de feijão, misturas de especiarias, e cortes de carne mais grossos dos que os consumidos pelos japoneses. Alem de ingredientes para o preparo de uma feijoada, como orelhas de porco, rabos, vários órgãos e pés.
Cidade de Oizumi, que concentra grande número de trabalhadores brasileiros
A autora encontrou também um queijo de minas, que os brasileiros costumam consumir com uma goiabada, o famoso Romeu e Julieta. Também existem outros estabelecimentos similares que trabalham com produtos voltados para os consumidores brasileiros, como a linguiça calabresa, a mandioca e o açaí. No passado, havia adaptações de muitos destes produtos, pois a fiscalização sanitária japonesa nem sempre autorizava a importação de produtos como os brasileiros.
Existem também churrascarias, na forma de rodízio, onde cortes de carnes são oferecidos dos espetos, contando-se com um bufê de saladas e outros alimentos. Também como sobremesa podia se encontrar churros feitos na hora e doces de leite. Podia se encontrar também uma padaria, com salgadinhos brasileiros, pão de queijo e pastel, além dos frios consumidos pelos brasileiros nos seus lanches.
Existem estabelecimentos que já funcionam há 20 anos em Oizumi. Encontram-se também produtos voltados para peruanos e bolivianos, que em menor número ainda trabalham no Japão.
Promovem-se também alguns festivais de comidas latino-americanas, pois até os japoneses conhecem Oizumi com uma das cidades japonesas onde as influências destes trabalhadores estrangeiros são tradicionais. Mas, também outras culinárias estrangeiras como indianas, coreanas, chinesas, nepalesas, turcas podiam ser encontradas, constituindo uma feira multicultural.
Seria de grande interesse que estas contribuições estrangeiras, que já alteraram em alguns lugares o comportamento dos japoneses com relação aos imigrantes, fossem generalizadas. Pois um artigo elaborado por Debito Arudou, no mesmo The Japan Times, informa ainda existem sentimentos ambivalentes dos japoneses com relação ao mundo exterior.
A eliminação prematura da seleção japonesa na Copa do Mundo reforçou o sentimento de suas dificuldades físicas quando confrontados com outros estrangeiros, como se houvessem diferenças intransponíveis, quando na realidade começam a se intensificar os relacionamentos com o mundo exterior em todos os âmbitos das atuações dos nipônicos no mundo globalizado.