Produtos Ditos Saudáveis e os Fitoterápicos

22 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: conhecimentos tradicionais de diversos povos, exageros dos produtos ditos saudáveis, necessidade de comprovação científica

Recebi gentilmente de Roberto Tongu, que opera o site Web Town que é postado em Tóquio pelos brasileiros residentes no Japão e que reproduz alguns artigos postados no Asiacomentada, dois ótimos programas em japonês que foram exibidos pela televisão oficial daquele país, NHK. Com suas observações sobre os problemas que estão ocorrendo no Japão com estes problemas. Discutem o problema que vem sendo criado pelo aumento da comercialização de produtos ditos saudáveis, sem a verificação de suas eficácias comprovadas cientificamente. Muitos “medicamentos”, principalmente os que inundam os Estados Unidos, acabam sendo consumidos em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil e no Japão, sem que tenham os efeitos sugeridos pelas publicidades, inclusive nas suas embalagens. Estes produtos alcançam expressivos aumentos de suas vendas, ainda que seus verdadeiros benefícios sejam duvidosos, muitas vezes inexistentes. Ha alguns lamentáveis casos que são simples talcos ou falsificações multiplicadas por administradores locais inescrupulosos, que estão roubando suas empresas.

Sempre que ocorrem “ondas” desta natureza no mundo, normalmente provocados somente pelos interesses comerciais, há que se cuidar profundamente das distinções dos joios e dos trigos. Uma revista brasileira chamada Saúde que é muito popular e divulga dados úteis sobre alimentos e alguns medicamentos, preocupados em melhorar as informações disponíveis ao público em geral, do ponto de vista predominante da nutrição, procurando se respaldar em informações fornecidas pela classe médica. Como na maioria dos países, no Brasil também existe um órgão regulador, a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que tende a acompanhar as orientações aceitas pelos diversos países desenvolvidos. Todos sabem que existem, no mínimo, os medicamentos e assemelhados, muitos que procuram incorporar os princípios ativos encontrados na natureza, como desenvolvidos nos laboratórios, os fitoterápicos que exigem receitas médicas, bem como os tradicionais como da medicina chinesa e de outros povos, muitos que estão sendo estudados atualmente pelos organismos científicos e acadêmicos, adotando-se os critérios que são aceitos no Ocidente, num processo demorado. Mas, costumam-se aceitar os conhecimentos tradicionais também, ainda que se recomendem cuidados nos seus usos, sendo que muitos já são apresentados na forma de remédios.

Na China como em muitos países asiáticos, as “farmácias” tradicionais eram estabelecimentos que contam com muitas gavetas que possuem ervas e outros produtos que são combinados em diversas dosagens para as produções dos medicamentos, semelhante às farmácias de manipulação ainda encontrados no Brasil. Eles acompanham os diagnósticos feitos por especialistas familiarizados com os conhecimentos da chamada Tradicional Medicina Chinesa, que acumulam muitos séculos de experiências. Muitos dos princípios ativos destes produtos hoje são pesquisados no Ocidente, pelos critérios chamados “científicos”.

Mas, a fitoterapia também tem tradição em outros países, como na Alemanha, onde uma corrente de médicos evitam produtos químicos, preferindo os que existem nas plantas. Em muitos povos existem, como comprovados pelos estudos de antropologia, xamãs e outros pajés que transmitem por gerações conhecimentos acumulados que possuem a capacidade de curar muitas moléstias, que não podem ser desprezadas, e nem sempre são comprovadas ainda pela ciência Ocidental. Mas, todos estes usos exigem cuidados redobrados, pois sempre existem contraindicações.

No meu caso particular, muitas das medicações que utilizava, por recomendação médica, foram reduzidas a um mínimo, diante dos efeitos acumulativos provocados sobre órgãos como o rim e o fígado, que possuem a função de filtrar muitos dos elementos danosos à nossa saúde. Alguns produtos fitoterápicos apresentam contribuições respeitáveis e outros apresentam alguns problemas.

Costumo utilizar muitos médicos que possuem conhecimentos de ambas as medicinas básicas, tanto a tradicional da Ásia como os ocidentais. Todos tomam as suas precauções pois todos estes conhecimentos continuam apresentando novos desenvolvimentos, e na sua maioria pretendem solucionar problemas complexos da medicina, que continua não conhecendo tudo que seria desejável.

Em qualquer dos casos, os médicos costumam ponderar que os exercícios físicos regulares que tendam a melhorar os efeitos dos medicamentos, que possuem capacidades diferenciadas sobre cada um dos pacientes, o que sempre recomenda que qualquer tratamento obedeça a suas orientações.