Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Reunião do BRICS e Entendimentos Paralelos

15 de julho de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: cobertura inadequada da imprensa brasileira, entendimentos paralelos entre a China e a Índia, reunião do BRICS em Fortaleza

Como não encontrei na imprensa brasileira, mesmo a eletrônica, a confirmação da presença de Narendra Modi, da Índia, na reunião do BRICS que se realiza em Fortaleza, procurei informações no The Times of India, que já tinha postado uma reunião realizada entre os dirigentes indianos com os chineses, comandados pelo primeiro-ministro da Índia e o presidente chinês Xi Jinping, que durou 80 minutos na Capital do Estado do Ceará, com base nas informações da agência Reuters. Ainda que esteja se estabelecendo algumas decisões sobre o New Development Bank, estes entendimentos paralelos são de grande importância, onde o Brasil não tem participação. Os russos como os chineses aproveitam esta reunião de cúpula para procurar consolidar suas posições de independência dos Estados Unidos, e tratando também dos seus interesses comerciais.

Evidentemente, todos os países do BRICS possuem interesse em aumentar suas exportações como os diversos acordos que envolvem tecnologias. A pauta brasileira, tanto com os russos como com os chineses, é ampla envolvendo diversos projetos bilaterais, enquanto os relacionamentos com a Índia e a África do Sul ainda são limitadas, mesmo que apresentem potencialidades para o futuro. Mesmo que não existam interesses comuns entre os diversos países considerados do BRICS, existem outros que podem ser explorados quando dirigentes máximos destes países contam com oportunidades para conversações, ficando as gerais somente para declarações mais amplas ou fotos que são espalhadas pelo mundo.

President Jacob Zuma addresses a media briefing on arrangement relating to the passing of Former President Nelson MandelaDILMA-ROUSSEFFmodiXi_Jiping_croppedPutin

Jacob Zuma, Dilma Rousseff, Naredra Modi,  Xi Jinping e Valdimir Putin

No atual mundo globalizado, mas que ainda conta com a hegemonia cada vez mais discutida dos Estados Unidos, acabam se aglutinando entendimentos que servem de contraponto aos países desenvolvidos, que também incluem a Europa e o Japão, aliados tradicionais dos norte-americanos.

Mesmo que as negociações sempre sejam difíceis, pois alguns países contam com diplomacias com grande tradição, mesmo que decisões gerais não sejam alcançadas, está se observando que os entendimentos bilaterais são substanciosos, justificando-se a reunião de Fortaleza, que se segue ao sucesso internacional que o Brasil conseguiu na Copa do Mundo de Futebol.

O Brasil já conseguiu a presidência da OMC – Organização Mundial de Comércio, como da FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Estas conquistas de espaços, ainda que custosas, marcam a presença e a importância internacional do Brasil, que, com todas as suas dificuldades, teria condições de ser mais influente nestes entendimentos globais.

Um país emergente como o Brasil não vive somente das conquistas pontuais, mas da tendência de sua importância ao longo de muito tempo. Quando outros países emergentes também estão ganhando projeções, parece importante que o Brasil consolide o que já conquistou, aumentando o seu peso nas decisões internacionais.

Haverá outras oportunidades para tanto, para deixar a posição de potência regional, para um patamar mais elevado. Nos esforços conservacionistas, aonde o Brasil vem se destacando desde a reunião do Rio de Janeiro, apesar de todas as dificuldades, o país vem marcando suas posições, além dos projetos que vem executando, como na Amazônia.

É importante que o Brasil, além de sua importância econômica que é fundamental, tenha condições de ampliar a sua influência nos mais variados campo, com o quadro dos seus preparados diplomatas. Sua tradição de um país democrático que vem realizando pacificamente suas evoluções acaba sendo um exemplo que marca, como a sua hospitalidade que acaba sendo reconhecida, como na recente Copa do Mundo, onde não foi tão feliz do ponto de vista esportivo. Aí vêm as Olimpíadas, que com mais complexidade diante das variadas modalidades esportivas, e por uma nova expectativa ter sido gerada, pelo que se conseguiu nas últimas semanas.