Atualidades Políticas Brasileiras
28 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a consolidação da situação da Marina Silva, aspirações por mudanças dos eleitores brasileiros, influência do setor financeiro, o novo não muito novo
Ainda que o quadro sucessório brasileiro não esteja totalmente definido as pesquisas de opinião como as demais informações disponíveis indicam uma nítida tendência para a vitória da candidata Marina Silva para a Presidência da República na eleição de outubro próximo, que poderá se consolidar politicamente nas próximas semanas com as novas adesões populares que possam ser esperadas. A ideia de uma terceira via alem do PT – Partido dos Trabalhadores e do PSDB –Partido Social Democrata Brasileiro, que vem sendo proposta pela coligação do PSB – Partido Socialista Brasileiro e a Rede da Solidariedade parece atender a aspiração da renovação política de parcela importante do eleitorado brasileiro, ainda que seja somente uma esperança vaga acrescentada de forte emoção com o desastre que vitimou Eduardo Campos. O acidente provocou a sua substituição por uma nova chapa tendo Marina Silva como cabeça, secundada por Beto Albuquerque que se diferencia dela em muitos pontos, como vice-presidente. A falta de experiência administrativa parece menos relevante para os eleitores que a vontade que se acredita suficiente para superar obstáculos concretos e reais.
Mesmo que esquema atualmente existente, procurando conseguir credibilidade e maioria no Congresso que dê sustentação ao novo governo pouco tenha de novo, parece que isto está se tornando irrelevante pela enxurrada que está ocorrendo na procura de mudanças. Como o PSB não é um partido expressivo, estando preso aos esquemas tradicionais da política brasileira, a candidata Marina Silva acena para alvos preferências de novas incorporações até como de Lula da Silva e José Serra que contariam com quadros experientes do ponto de vista político partidário. Exatamente parte política do que se desejaria substituir na nova colocação, mas o desejo de mudanças parece atropelar a tudo, mesmo a razão. Também nos quadros técnicos acena-se para a participação de profissionais ligados ao setor financeiro e empresarial, inclusive com capacitação operacional, que resulta numa solução tradicional, sem correspondência nos aspectos reais. Ainda que resolvendo os problemas de curto prazo, parecem apresentar dificuldades para o desenvolvimento no longo prazo, que exige setores engajados com as inovações tecnológicas.
Marina Silva, candidata à Presidência da República
Marina Silva conta com uma capacidade de se expressar como uma batalhadora que vem lutando pelos seus ideais, mesmo diante de obstáculos dos mais difíceis, chegando até a convencer segmentos que normalmente adotam posturas mais conservadoras. Mesmo tendo fortes convicções pessoais, coloca-se na posição para entendimentos pragmáticos com correntes de diferentes, surpreendendo a muitos.
Diante de adversários desgastados procura convencer o eleitorado que suas fortes determinações são capazes de superar os obstáculos hoje existentes no Brasil, promovendo a união de forças relevantes com suportes populares. As experiências que se repetem pelo mundo recentemente demonstram que estas mudanças expressivas nem sempre são fáceis, principalmente num período curto como o de um mandato de quatro anos.
Marina Silva expressa que é contra a reeleição, que vem se mostrando com um mecanismo com muitas dificuldades e se compromete que a reforma política ampliando o período do mandato será aplicado somente a quem a venha a suceder, caso seja eleita.
Ainda que a eleição confirme estas tendências, tudo indica que governar bem o Brasil pode ser algo com mais complexidade que exige outras condições que ainda não estão equacionadas.