Dramas das Vitimas das Bombas Atômicas que Vivem no Brasil
27 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: ajuda restrita a 300 mil yens anuais, artigo no The Japan Times, mesmos tratamentos que recebem no Japão, pedido entregue ao Primeiro Ministro Shinzo Abe
Existe uma Associação de Paz das Vitimas das Bombas Atômicas que vivem no Brasil, presidida pelo Takeshi Morita, hoje com 90 anos, que foi atingido em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, quando trabalhava como policial. A sua sede fica em São Paulo num supermercado da propriedade dele chamado Sukiyaki, onde estão afixados 101 nomes destas vitimas que viviam em São Paulo, muitos já falecidos. Eles só recebem anualmente uma ajuda equivalente a 300 mil yens anuais, menos de US$ 3.000, e são submetidos a um check up anual no Hospital Santa Cruz. No seu pico chegaram a 270 vitimas que vivem no Brasil, mas já estão reduzidos a menos da metade. Os que residem no Japão recebem a assistência integral para doenças provocadas pelas radiações, como 4.440 que vivem no exterior reconhecidos como “hibakusha”. Com a idade avançada, média de 79 anos, não contam mais como viajarem para o Japão para receberem tais tratamentos.
O assunto mereceu um artigo escrito por Junichiro Nagasawara e publicado no The Japan Times, pois eles entregaram uma petição ao Primeiro Ministro Shinzo Abe quando de sua visita ao Brasil. Eles pleiteiam receber as assistência no Brasil. São citados alguns casos concretos como Yoshitaka Samejima, 85 anos, nascido no Brasil e começou a estudar no Japão aos 11 anos, e participou das operações de resgate do exército japonês em Nagasaki, em 10 de agosto de 1945, um dia após o bombardeio atômico naquela cidade. Ele desenvolveu sintomas de radiação, como doenças de pele, aos 60 anos. Tendo sofrido um derrame cardíaco no ano passado não tem condições de suportar uma viagem a Nagasaki para a continuidade do seu tratamento. Takeshi Morita continua acompanhando estes assuntos e mostra uma caderneta com os dados médicos que são registradas as ocorrências, emitido pelo governo japonês.
Takashi Morita, presidente da Associação de Paz da bomba atômica Vítimas no Brasil, mostra um notebook médico emitido pelo governo japonês para as vítimas da bomba atômica que vivem no Brasil, em São Paulo in July. | KYODO Publicado no The Japan Times
Yasuko Saito, 67 anos, filha de Takashi Morita, segunda geração das vitimas da bomba atômica informa que os dramas sofridos por estas pessoas precisam ser transmitidas para as gerações futuras, alertando sobre o uso de energias perigosas como as atômicas.
Hoje, um professor de 40 anos, Andre Lopes Loula desempenha o papel de membro executivo da Associação e organiza sessões com estudantes para ouvir as experiências dos Hibakusha. Planeja-se publicar uma coleção de testemunhos de hibakushas do Brasil e de outros países sul americanos.