Forte Engajamento da Imprensa na Campanha Eleitoral
19 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: análise das pesquisas como do Datafolha, análises que nem sempre correspondem às indicações, o problema do engajamento da imprensa na campanha eleitoral
Ainda que existam os que defendem a posição que os meios de comunicação social deveriam adotar uma posição equidistante dos diversos candidatos em qualquer campanha eleitoral, existem países de longa tradição democrática onde estes engajamentos são plenamente aceitos, desde que estas posições sejam explicitas. O que parece inconveniente é que análises que não correspondem aos dados de uma pesquisa sejam apresentadas, o que mostra que ou existe uma disfarçada intenção de induzir os leitores a erros, ou uma incompetência mesmo em analistas experimentados, o que deve ser uma hipótese que deve ser rejeitada. Com a oportuna divulgação da pesquisa efetuada pela Datafolha, após o lamentável falecimento do candidato Eduardo Campos do PSB, havendo fortes indícios da sua substituição pela Marina Silva, muitas indicações preciosas acabaram sendo reveladas.
Resumidamente, as indicações foram que a candidata Marina Silva apresentou um empate técnico com Aécio Neves no segundo lugar, com a candidata Dilma Rousseff como a preferida para Presidente da República, mas levando à necessidade do segundo turno. No segundo turno haveria uma superação da atual Presidente pela Marina Silva, hipótese que não se verificaria com Aécio Neves, neste levantamento. Evidentemente, estas pesquisas indicam o que se observa no momento e a Datafolha costuma utilizar uma amostra estratificada que reduz as margens de erro. Como informações complementares, evidenciou-se a recuperação dos que consideram o governo bom ou ótimo quando comparada com a pesquisa anterior, ao mesmo tempo em que se identifica um desejo pela mudança do governo do PT e seus coligados, o que seria conseguido no segundo turno pelo PSB e seus coligados, ainda que a tradição brasileira seja o voto no candidato e não nos partidos.
A íntegra da pesquisa pode ser obtida no: http://datafolha.folha.uol.com.br/eleicoes/2014/08/1502039-com-marina-disputa-presidencial-iria-para-o-segundo-turno.shtml
Comparando com os dados coletados nas pesquisas anteriores, verifica-se que a Dilma Rousseff como Aécio Neves obtiveram os mesmos percentuais do levantamento anteriores e Marina Silva conseguiu seus 21%, mais que o dobro do obtido por Eduardo Campos pela redução dos indecisos e brancos e nulos.
O que parece incorreto é que se atribuía as maiores dificuldades para Dilma Rousseff, ainda pelos dados ela tenha que se submeter ao segundo turno, com a possibilidade de perder para Marina Silva. O que parece mais provável é que Aécio Neves, igualmente, tende a perder eleitores para Marina Silva, na medida em que não teria condições de vencer no segundo turno, o que poderia ser conseguido por Marina Silva.
Evidentemente, estas tendências ainda não se encontram consolidadas, pois a campanha pela televisão e rádios com o uso dos tempos concedidos pela atual legislação eleitoral mal começou. Muitos atribuem que o impacto emocional do desastroso desaparecimento de Eduardo Campos ainda estaria muito elevado.
As campanhas devem ressaltar que Marina Silva não dispõe de experiência no comando do Executivo, ainda que regionalmente. E haveria restrições de alguns segmentos políticos diante do seu passado com fortes marcas conservacionistas. Procura-se ressaltar que ela assumiria todos os compromissos de Eduardo Campos, contando o PSB com um programa substancioso já elaborado.
A campanha eleitoral deverá ser acirrada, pois as margens atuais são pequenas.