Importância das Religiões na Coreia do Sul
14 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: ativismo religioso, importância do Cristianismo, informações do The Economist
As informações constantes de um artigo preparado pelo The Economist em função da visita do Papa Francisco à Coreia do Sul dão conta que dos 50 milhões de seus habitantes, 46% afirmam que não professam nenhum credo, 23% seriam budistas, havendo sempre entre eles os que possuem também outras religiões, 5,4 milhões seriam católicos, sendo estimados que 9 milhões fossem protestantes de variadas denominações, alguns tipicamente coreanos. Isto somaria cerca de 24,4% de cristãos, o que pode ser considerado relativamente elevado para um país asiático, mesmo que existam outros como as Filipinas. Como em alguns países asiáticos que ofereceram resistência à entrada do cristianismo, notadamente católica a partir do século XV, muitos cristãos foram sacrificados, gerando muitos mártires que agora serão reconhecidos pelas autoridades da Igreja Apostólica Romana. A Coreia é o quarto pais no mundo que conta com mais considerados oficialmente santos.
As denominações protestantes chegaram depois na Coreia, com missionários norte-americanos em torno de 1880, visando à criação de escolas e promover a tradução da bíblia para o idioma local, como também ocorreram em outros países. Eles se consolidaram durante o período de ocupação japonesa, quando o confucionismo e o budismo perderam importância. Mas as explosões de suas influências ocorreram depois do término da Segunda Guerra Mundial, pois naquela época os cristãos estavam reduzidos somente a 2% da população local. Acompanharam posteriormente o desenvolvimento econômico favorecido pela ética protestante. Alguns líderes religiosos coreanos, até duvidosos, tornaram-se famosos no mundo, como o reverendo Moon, não se sabendo claramente se podiam ser distinguidos dos manipuladores de recursos financeiros. Uma característica marcante parece ser uma certa tendência dos coreanos para um radicalismo religioso que prevaleceu durante um tempo, confundido com atividades empresariais.
Ainda que o princípio adotado na maioria dos países do mundo da não tributação de qualquer tipo de atividade religiosa, o fato concreto que parece haver um certo abuso notadamente em alguns países asiáticos. Usando esta isenção tributária, algumas denominações religiosas acabam usando estes privilégios visando o apoio as atividades empresariais de seus membros.
Esta confusão entre as atividades, que extravasam os voltados aos apoios sociais de benemerência aos seus membros, acabam proporcionando vantagens para algumas entidades consideradas religiosas como na expansão das atividades educacionais. Como estão envolvidos com aspectos ideológicos e políticos, dão lugar até a partidos políticos, como no Japão.
Muitas das expansões empresariais acabam sendo acobertadas pelas isenções fiscais voltadas às religiosas, com alguns abusos de interpretações. Como muitas autoridades evitam se contrapor aos interesses dos grupos considerados religiosos, acabam ocorrendo distorções que se estendem aos meios de comunicação. São problemas difíceis de serem resolvidos, onde o caso da Coreia acaba se destacando.