Salvem no Mínimo o Futebol Brasileiro
13 de agosto de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Esporte | Tags: informações de diversas fontes, limitações dos atuais dirigentes, observações de Leonardo, ponderações de Tostão
Como qualquer brasileiro, ainda que não seja um especialista em futebol, fico muito triste com o que vem acontecendo recentemente, principalmente depois da Copa do Mundo no Brasil. Todos sabiam que não estávamos entre os melhores do mundo atualmente, mas os que veem sendo escolhidos para serem seus dirigentes técnicos, mostra que não está se pensando seriamente na recuperação do prestígio desta importante face brasileira para o mundo, que certamente exige mudanças desde a sua base. Como os comentaristas mais qualificados que estão capacitados a observarem o que está acontecendo no mundo, como Tostão ou o Leonardo entre outros, observa-se que se continua, por motivos que geram desconfianças, prestigiando aqueles que pretendem entender o que ocorre no mundo, depois de investidos nos cargos de maior importância, para os quais não estão qualificados. Como se dirigir futebol profissional fosse algo que pode ser aprendido em algumas semanas de viagens pela Europa, a custa dos brasileiros. Está claro é que existem cursos para a preparação dos dirigentes como dos técnicos, que não pode ser movido somente pela disposição de empenho, como informa Leonardo.
O ideal é que um esporte como o futebol que se tornou o mais importante no atual mundo globalizado sofresse um choque de transparência a partir da FIFA – Federação Internacional de Futebol, que tem sede na Suíça, que não exige sequer a prestação de contas dos volumosos recursos obtidos com os patrocínios, até por muitas décadas futuras. A CBF – Confederação Brasileira de Futebol sempre sofreu questionamentos sobre os recursos que movimenta. Mesmo não sendo recomendável que estejam sob o controle governamental, como em qualquer organização razoável, as Federações estaduais, formadas pelos clubes, deveriam prestar contas, o que um mínimo de transparência desejável. Há que se aceitar que o futebol é muito importante para o Brasil, não podendo ficar manipulado por dirigentes de duvidosas carreiras, que não acompanham a evolução que vem ocorrendo no mundo.
Tostão, consagrado jogador, qualificado comentarista da Folha de S.Paulo.
Leonardo, consagrado jogador, técnico e dirigente de futebol na Europa,
com longa vivência no exterior.
No atual debate que vem se travando sobre o assunto, o que parece ficar claro é que não existe um plano da CBF sobre o que deve ser perseguido nos próximos anos. Parece que encaram o atual problema como algo simples que pode ser resolvido somente pela nomeação de alguns dirigentes técnicos de boa vontade para a seleção, quando os problemas começam nos clubes e nas bases.
As bases de formação dos jogadores, desde as escolas que substituíram as antigas peladas pelas ruas ou terrenos baldios não contam senão com interessados em obterem vantagens com os passes cada vez mais prematuros. Jovens jogadores ainda não estruturados sequer esportivamente, quando mais psicologicamente ou na totalidade de sua personalidade são jogados no mercado europeu que apostam somente em alguns potenciais talentos, por aqueles que estão somente preocupados com seus lucros, e não o que acontece no futebol brasileiro em longo prazo.
Isto vem acontecendo em todas as modalidades, inclusive feminino nos escalões de base, como no sub-vinte, que devem ser a que deverão disputar a próxima Olimpíada.
Ainda que muitos jovens brasileiros tenham talento para o futebol, há que se preocupar com a sua formação, inclusive física. Até astros como Neymar constatam que na Europa os treinamentos são mais frequentes, inclusive nas cobranças das bolas paradas.
Lamentavelmente, observa-se que poucos técnicos brasileiros tiveram a oportunidade de frequentarem cursos que os habilitem para estratégias e táticas futebolísticas, ainda que se procure preservar as qualidades do futebol brasileiro. É preciso estudar, como em qualquer outra atividade. Todos sofrerão pressões de todos os tipos, mas precisarão contar com preparos para as enfrentarem da melhor forma possível.
Parece que não existem mais espaços para improvisações, o futebol se tornou muito mais importante, tanto para a consolidação do espírito nacional como atividade econômica de qualquer tipo, como vem sendo constatado até por estudos acadêmicos. Há que se contar com equipes multidisciplinares para cuidarem de todos os aspectos indispensáveis para se contar com um futebol brasileiro de qualidade, que continue a ser competitivo no mundo.