Reflexões Sobre Hiroshima
22 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: documentário do National Geographic, lembranças próximas ao bombardeio, outras documentações que foram secretas, quase 70 anos depois, visita a Hiroshima
Todos os seres humanos deveriam, para completar a sua educação, tomar conhecimento de um mínimo de documentação preservada sobre os efeitos da bomba atômica de Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, mesmo não sendo um pacifista fanático. Um documentário exibido pela National Geographic, no programa de televisão chamado Top Net Geo Deal me conduz à reflexão sobre os mais gritantes e lamentáveis acontecimentos daquela data de 1945 e todos os que se seguiram, pelos indescritíveis crimes cometidos pelas autoridades norte-americanas que perpetraram um dos maiores crimes da humanidade, que continuam sendo subtraídos do conhecimento de todos. Como afirma uma das vitimas de Hiroshima no documentário, não para nenhum sentimento de vingança, mas para que todos tenham consciência dos efeitos de um bombardeio atômico, para que nunca mais se repita tal crime.
No primeiro momento depois do bombardeio atômico de Hiroshima as autoridades norte-americanas ainda não tinham consciência da enormidade do horror que tinham cometido. Tanto que muitas revistas, inclusive as norte-americanas como Life, importante naquele período, e outras publicações japonesas retratavam todos os horrores com as fotos mais chocantes que vi quando ainda criança. Hoje, algumas delas estão disponíveis até pela internet. Sabe-se agora que as autoridades norte-americanas confiscaram todas as imagens, passando a considera-las “top secret” até 1952, e ficaram com o seu acesso restrito aos cientistas que estudavam os efeitos da bomba sobre os seres humanos vitimas da bomba, como todos os tipos de construções do tipo que restaram em Hiroshima. Mas sabiam que a explosão a alguma altura do solo provocaria estragos mais violentos, que não sabiam ainda dimensionar, provocando o famoso cogumelo que hoje é de conhecimento de todos.
Cogumelo formando pela explosão atômica
A todos que visitam hoje Hiroshima, no Museu que reúne muitas coisas relacionadas com a bomba atômica que destruiu a cidade ainda expõe fotos e materiais que demonstram parte dos horrores, que só conseguem ser acompanhados pelos que possuem um espírito mais forte. Fica quase ao lado do monumento erguido para lembrar a todos a necessidade da Paz. Na cidade ainda estão preservados os restos do que restou dos poucos edifícios cujas paredes ficaram ainda de pé.
Neste site já foram apresentados notícias sobre os exames periódicos a que estão sendo submetidos às vitimas sobreviventes do bombardeio, inclusive os que vivem no Brasil. O documentário da Top Nat Geo mostra cenas em que uma adolescente precisa se despir para exibir o seu corpo que foi mutilado perante um grupo de cientistas, ainda que se sentisse extremamente constrangida pelo ato e nenhuma responsabilidade tivesse sobre o bombardeio. Alega-se que os conhecimentos que vieram sendo acumulados nestes quase 70 anos, e que são muitos, devem ajudar a humanidade para cuidar das possíveis vitimas de radiações como os provocados por acidentes do tipo de Chernobyl, Fukushima ou até em Goiânia aqui no Brasil, com um acidente com parte de um equipamento médico.
Tanto era o criminoso desconhecimento das autoridades norte-americanas que experiências foram efetuadas no Atol de Bikini, inclusive com tropas de soldados norte-americanos postados a várias distâncias do centro da explosão.
A reflexão que pode ser feita é sobre a condenação de criminosos de guerra de muitos povos pelos norte-americanos, que poderia ser considerado justo em termos internacionais. Sem nenhuma posição partidária, parece que os Estados Unidos ficam sem autoridade moral se os responsáveis pelas atrocidades cometidas em Hiroshima e Nagasaki continuam sem merecer nenhuma palavra de condenação, sob a justificativa que muitas vidas seriam sacrificadas num desembarque no território japonês no final da Segunda Guerra Mundial.