O Boom dos Investimentos Imobiliários no Japão Atual
25 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: a construção civil no Japão, construção como medida de ativação das economias, excessos difíceis de serem controlados
O que vem acontecendo em diversas economias do mundo é o uso abusivo do setor de construção civil procurando ativar as economias pelos seus impactos variados por diversos setores. Isto se observa tanto nas economias industrializadas como nas emergentes. Na China, todos sabem que o setor de construção, tanto dos edifícios comerciais como residenciais, além dos projetos de melhoria da infraestrutura, principalmente de transportes, vieram sendo utilizados com substanciais incentivos tanto nacionais como locais, inclusive financiamentos do mercado paralelo. Como as performances dos dirigentes públicos sempre foram avaliados para promoções no Partido Comunista pelo crescimento econômico, muitos utilizaram a construção para obter ascensões desejadas. Muitos destas construções estão hoje subutilizadas, pois houve um excesso de investimentos visando ganhos de capital até pelas famílias, mas como alguns não apresentam a adequada viabilidade econômica ou possibilidade de aluguel ou revenda, e os tomadores de empréstimos não têm condições de honrar os empréstimos contraídos. Hoje, fica claro que parte do crescimento econômico chinês só pode ser mantida, pois alguns destes empréstimos eram, na realidade, subsídios governamentais, não apresentando condições de serem honrados.
O mesmo acontece nas economias de mercado do tipo capitalista. Costumam existir períodos em que há uma generalizada ideia de que espaços adicionais são necessários para atender as economias projetadas com crescimentos que nem sempre se verificam. No Japão atual, depois da implantação da chamada Abeconomics do atual governo, tentando sair de um longo período de deflação e sem crescimento econômico ao que se acrescenta um decréscimo populacional, a construção civil passou por um verdadeiro boom recente e atual com investimentos privados. Mas, como a economia não vem crescendo como se esperava, ao mesmo tempo em que a mundial apresenta um crescimento modesto, tudo indica que o volume das novas construções acabou sendo exagerado para as necessidades. Muitos imóveis não tão velhos acabaram sendo derrubados para a construção de empreendimentos ousados de grandes dimensões, como pode ser observado nos mais variados lugares, inclusive na capital Tóquio.
Centenas destas novas construções podem ser vistas em Tóquio
Até analistas japoneses conscientes estão veificando que estas novas construções em Tóquio e outras cidades japonesas podem gerar problemas, quando estiverem prontas, o que ocorre com grande velocidade. As tecnologias japonesas disponíveis, além de resistentes aos terremotos, utilizam estruturas pré-fabricadas que permitem que grandes edifícios sejam concluidos num prazo curto quando comparado com outras partes do mundo, notadamente no Brasil.
Como o custo da mão de obra no Japão é elevado, a construção civil, além dos materiais pré-fabricados, é intensiva em equipamentos. Por toda a parte, os visitantes de Tóquio notam construções gigantescas, quando já existem espaços abundantes, e ao mesmo tempo nota-se que o número de compradores das lojas já diminuiram. Sente-se que podem ocorrer dificuldades com esta bolha imobiliária, difícil de ser absorvida por uma economia que cresce modestamente, com redução da população. Mas, estas tecnologias poderiam ser aplicadas em países emergentes, que ainda contam com espaços para o desenvolvimento, como no caso brasileiro, com grande eficiência, custos baixos, economia de energia e de recursos humanos.