Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Primeiros Pronunciamentos do Prêmio Nobel Jean Tirole

15 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: destaque na imprensa mundial, os aspectos financeiros, trabalhos sobre regulamentação, tradição liberal | 2 Comentários »

Muito oportuna a escolha do Prêmio Nobel de Economia de 2014, o acadêmico francês Jean Tirole que também já exerceu atividades no MIT – Massachusetts Institute of Technology, além de muitas ações em organismos internacionais. Ele é considerado um especialista em regulação dos mercados e o seu primeiro pronunciamento para a Bloomberg referiu-se à necessidade de regulação adequada do mercado financeiro internacional, onde as grandes instituições bancárias do mundo abusam da liberdade de fluxos financeiros que em nada contribui para a adequada necessidade de suprimento dos créditos para a ampliação das atividades produtivas, fomentando somente a especulação.

Quando autoridades monetárias de diversos países e regiões, começando pelo FED norte-americano, começaram, depois da crise de 2007/2008, a abusar da chamada easing monetary policy, inundando o mundo de dólares americanos, acabou-se beneficiando um pouco os Estados Unidos, mas provocando uma guerra cambial no mundo, fazendo com que os japoneses e os europeus também acompanhassem o mesmo tipo de política, para evitar a exagerada valorização de suas moedas, que prejudicavam suas exportações e facilitavam as importações, provocando um desequilíbrio na balança comercial. Países emergentes como o Brasil, que não possuem moedas aceitas no mercado internacional, acabam sofrendo estas valorizações, que prejudicam suas economias. Isto acaba ampliando as injustiças mundiais, que ajudam os países já industrializados e dificultam os demais, que são a maioria.

Se no setor financeiro estes problemas são graves, não deixam de também gerar problemas nos mercados onde um número limitado de empresas acaba dispondo de um forte poder monopolístico, o que é uma dura realidade com que se conta no mundo. Ainda que muitas entidades venham discutindo a necessidade de uma adequada regulamentação que não são aceitas, também em alguns setores de produtos estratégicos os tipos similares de situações monopolísticas acabam resistindo igualmente às regulamentações.

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Prêmio Nobel de Economia de 2014, Jean Torole

Os esforços de medidas antimonopólios resultam em algumas adequações nos mercados de diversos produtos, mas quando se trata do setor financeiro, que tem um poder mais generalizado e de influência em todas as economias, as resistências são mais acirradas, esperando que a concessão deste prêmio ajude a generalizar a consciência destas necessidades de regulações. É evidente que a ganância de alguns continuarão com suas restrições, mas espera-se que a opinião pública acabe induzindo a todos para regulamentações mais razoáveis.


2 Comentários para “Primeiros Pronunciamentos do Prêmio Nobel Jean Tirole”

  1. Rubens Souza
    1  escreveu às 09:34 em 16 de outubro de 2014:

    Caro Paulo,

    O seu artigo fez-me pensar se o advento de uma moeda mundial poderia contornar parte dos problemas apontados pelo laureado Nobel Jean Tirole. Imagino que retirando o poder de emissão de moeda, os países perderiam parte de suas políticas de Estado inflacionárias e da própria autonomia política. Acredito que na história de longo prazo caminhamos para esse formato monetário, mas esse é um tema demasiado técnico e se puder comentá-lo, eu gostaria de contar com a sua reflexão.

    Abraços,

    Rubens

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 08:37 em 17 de outubro de 2014:

    Caro Rubens Souza,

    Obrigado pela solicitação. Infelizmente a política monetária e creditícia só funciona em regiões onde as demais condições são bastante semelhantes, tanto que na comunidade europeia enfrenta-se as dificuldades das condições diferentes entre os países. Nos Estados Unidos o chamado FED – Sistema Federal de Reservas possui alguns FEDs regionais para informar como estão as condições nas suas regiões. Uma Federação como o Brasil também acaba tendo uma política fiscal diferenciada por Estado, que exige adaptações de uma política monetária e creditícia que respeite as condições diferentes que existem entre os Estados.
    Como as condições diferem muito em todo o mundo, uma política monetária única acabaria beneficiando as regiões mais desenvolvidas em detrimento das mais atrasadas. A arte da política econômica exige um conhecimento detalhado que necessita respeitar as diferenças das políticas salariais bem como outras, como as tentativas de reduzir as diferenças regionais, como existe no Brasil, no mínimo para o Nordeste como a Amazônia, muito diferente do Centro-Sul como um todo.
    As diferenças regionais estão diminuindo no Brasil porque vem se concedendo algumas vantagens para aqueles que eram menos desenvolvidos, e hoje podemos dizer que o Piauí tem pouca diferença com o Espírito Santo, sob diversos aspectos. A política de conciliar todas as diferenças existentes acabam exigindo políticas diferenciadas, entre elas as creditícias. Como V. afirmou, os desafios são bastante grandes, mas ninguém aceita mais disparidades exageradas. Desculpe-me se expliquei pouco, pois a questão exigiria um verdadeiro curso completo.

    Paulo Yokota

    Paulo Yokota