Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Uma das Mais Esperadas Exposições no Japão

19 de outubro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: a exposição do acervo do Museum of Fine Arts de Boston no The Ueno Royal Museum, apresentação dos trabalhos de Hokusai, percorreu o Japão e agora se encontra em Tóquio

Para ver a exposição do acervo do Museu de Belas Artes de Boston que inclui uma quantidade impressionante dos trabalhos de Hokusai, o artista japonês mais conhecido no Ocidente, que está exposto atualmente no The Ueno Royal Museum, há se sujeitar a alguns sacrifícios. Multidões de apreciadores japoneses da boa arte contam com rara oportunidade para conhecer em detalhes os trabalhos de Hokusai, o seu patrício que, tendo vivido longamente, produziu uma enormidade principalmente de xilografias, fornecendo uma perspectiva que não era conhecida no Ocidente. Seu trabalho mais conhecido no mundo é a Onda, cuja xilografia está neste acervo. Esta técnica japonesa ficou conhecida com o nome de ukiyo-e, e 140 trabalhos estão na exposição.

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A onda de Hokusai, do acervo do Museu de Belas Artes de Boston, uma das xilografias mais conhecidas no mundo

Esta exposição já percorreu muitas cidades importantes do Japão, e na sua fase final encontra-se atualmente em Tóquio. Filas de japoneses e estrangeiros formam verdadeiros cordões e os que têm sorte pode apreciar todos os detalhes com as explicações em japonês, com um pequeno resumo em inglês. Apresentado de forma cronológica, pode se notar a evolução do seu trabalho, inclusive na utilização das cores.

Apresentações paralelas permitem a avaliação adequada dos trabalhos, com a reprodução de cenários onde as figura relatadas se encontravam, como nos palácios e edificações da época.

Todos sabem que as matrizes das xilografias são gravadas sobre as madeiras, e as diversas impressões vão se repetindo com as cores utilizadas, sendo importante, além do trabalho do artista, os que efetuam as cópias em número limitado. Havia na época uma evolução de todo o material utilizado, inclusive as tintas, podendo se notar as diferenças de colorações, notadamente nas figuras femininas e suas vestimentas.

O Museu de Belas Artes de Boston, que foi inaugurado no centenário da independência dos Estados Unidos, na sua coleção sobre arte japonesa conta com 90 mil trabalhos, incluindo 50 mil de ukiyo-e e trabalhos relacionados, inclusive milhares de livros que apresentam estas obras, algumas delas expostas no Japão.

Os artistas japoneses do século XIX reproduziam em detalhes figuras humanas, plantas e pássaros, incluindo paisagens e muitos destes trabalhos chegaram à Europa impressionando os ocidentais, inclusive na forma de livros que aparentam os mangás atuais. Colecionadores norte-americanos adquiriram parte destes preciosos trabalhos, muitos deles hoje doados ao Museu de Boston.

Se nós, que temos remotas ligações com a arte japonesa, ficamos emocionados frente a este impressionante acervo de trabalhos, notamos que muitos artistas japoneses, inclusive idosos, expressavam nas suas fisionomias a emoção de poder apreciá-los, sabendo que o mundo Ocidental também tem plena consciência de sua importância na história universal das artes.

O que parece relevante é que na Era Meiji houve um verdadeiro intercâmbio do Japão com o Ocidente, e os trabalhos japoneses geraram na Europa o japonismo que começou com Manet, como já expusemos neste site. Ao mesmo tempo, está havendo uma exposição da retrospectiva de Shunso Hishida, em comemoração ao seu centenário de nascimento, no The National Museum of Modern Art´s do Japão, que trouxe a contribuição Ocidental com o chamado Yoga para gerar a reação com o chamado Nihonga.

Quisera que estas disputas só ocorressem no campo cultural, deixando as lamentáveis guerras que continuam afligindo a todos.