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Expansão da Indústria Farmacêutica no Brasil

5 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: a experiência japonesa, correções possíveis, expansão exagerada

Num artigo elaborado por Stella Fontes, publicado no Valor Econômico, informa-se que o faturamento da indústria farmacêutica brasileira vem crescendo de forma interrupta desde 2010 de 9 a 11% anual, segundo informações fornecidas por Antônio Brito, da Interfarma – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, tendência que se estima deva sofrer um ajustamento no futuro. A entidade representa 55 empresas que respondem pelo varejo de 80% dos medicamentos de referência e 33% dos genéricos, 46% dos medicamentos isentos de prescrição e 52% dos chamados tarjados, que requerem prescrição médica, segundo consta do artigo mencionado. Esta expansão é explicada pelo aumento da nova classe média e o acesso dos pacientes a estes medicamentos, o que evidentemente está acima do razoável, estimando-se que o Brasil é o quinto mercado destes produtos no mundo, segundo informações de outras fontes.

Ainda que se preveja um arrefecimento deste crescimento no futuro, atribui-se a sua razão ao aumento de doenças de alta complexidade que exigem medicamentos de alto custo nem sempre acessíveis aos pacientes brasileiros. Ao lado destas informações, poderiam ser esboçadas algumas hipóteses que levam a este exagero. De um lado, uma parte da publicidade desta indústria volta-se aos médicos que prescrevem os medicamentos para os seus pacientes, e existem informações de algumas distorções neste processo. E o sistema de venda em pacotes, contendo mais medicamentos que os necessários durante o período prescrito pelos médicos, cujas sobras acabam virando problemas, com a necessidade de que sejam agora eliminados com critérios, de forma que não sejam consumidos indevidamente por desavisados.

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Dados publicados no Valor Econômico

Uma experiência com as farmácias no Japão poderia ajudar a sanar parte dos exageros. Mesmo com as prescrições médicas, os pacientes naquele país são obrigados a preencherem informações médicas adicionais nas farmácias, para verificar a possibilidade de algumas reações ou incompatibilidades, o que é de responsabilidade de uma farmacêutica habilitada.

Os fornecimentos dos medicamentos são por unidades, dentro da quantidade indispensável para a prescrição médica com detalhes das dosagens e de quando devem ser utilizados, pelos dias prescritos. As farmacêuticas esclarecem as finalidades perseguidas por estes medicamentos, bem como individualizando cada um deles, quando são mais de um. Com isto, não há possibilidade de haver sobras que não sejam utilizadas, fazendo com que os custos sejam menores do que os dos pacotes. As farmácias contam com uma dependência para estes controles, como costumam ocorrer nos hospitais.

Ainda que haja uma pequena demora, todos estes detalhes deixam os pacientes mais tranquilos, esclarecidos devidamente, e com a possibilidade de uma economia, quando as dosagens prescritas não atingem o conteúdo de um pacote. Tudo indica que para estes aperfeiçoamentos seriam necessárias algumas medidas adicionais da ANVISA, mas estabeleceu-se entre os governos brasileiro e japonês um acordo de cooperação, que poderia ajudar na introdução de um aperfeiçoamento desta natureza, que beneficiaria toda a população.