Fracionamento na Venda dos Medicamentos
19 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Saúde | Tags: artigo de Mario Russo no site de O Globo, economia, medida da Anvisa que necessita ser implementada, poder da indústria farmacêutica
Apesar de uma regulamentação da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária em vigor há oito anos, a chamada Resolução 80, publicada em 11 de maio de 2006, que permite a venda de remédios fracionados de acordo com as prescrições dos médicos as farmácias e drogarias em todo o país, não há empenho para se implantar esta medida que seria de vital importância para a economia popular. A medida, além de permitir uma economia dos consumidores, evitaria as sobras que apresentam riscos de serem consumidos pelos menos avisados, inclusive fora de suas validades, ou por crianças que não têm a noção dos seus riscos. Também os descartes inadequados provocam a contaminação ambiental. Como a medida não prevê nenhuma punição, todos ignoram a sua utilização.
Um exemplo japonês, já postado neste site, mostra como no Japão existe um cuidado maior sobre o assunto. Mesmo com a prescrição médica, o paciente ao chegar à drogaria necessita preencher um questionário sobre as doenças que ele sofreu e as possíveis alergias, para que os farmacêuticos, que conhecem o assunto muitas vezes melhor que os médicos, saibam a compatibilidade do medicamento com o paciente. Eles explicam a finalidade de cada medicamento, e como devem ser consumidos, pelo período prescrito e os cuidados do seu uso durante os dias, por exemplo, se antes ou depois das refeições. As drogarias só vendem a quantidade prescrita, para evitar todos os inconvenientes acima descritos.
As informações disponíveis mostram que o Brasil é o quinto consumidor de remédios no mundo, apesar de contar com uma população menor, menos renda e demais fatores que devem ser considerados. Existe um evidente desperdício de medicamentos, que costumam custar bastante, apesar da disseminação dos atuais genéricos. Também deve se notar que os hospitais vendem a caixa dos medicamentos, e quando não utilizados durante a estada do paciente nos estabelecimentos, como já estão pagos, suas sobras acabam sendo levadas para casa, ainda que desnecessárias.
Diversas drogarias, uma ao lado de outras, ocupam a mesma rua de São Paulo
Percorrendo muitas cidades em todo o mundo, o que se observa com facilidade é o exagerado número de drogarias no Brasil, de forma muito desproporcional. Na medida em que algumas sejam aglomeradas, haveria a possibilidade da prestação de melhores serviços, com local adequado para o armazenamento de medicamentos fracionados.
São medidas urgentes de aperfeiçoamento, pois os custos dos tratamentos de saúde estão se tornando insuportáveis no Brasil, com o aumento atual dos idosos, e é preciso que as autoridades tomem medidas para a sua redução, de forma que mais pessoas possam ser atendidas com as limitações dos recursos.