Lamentáveis Formas de Apresentações de Informações
25 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: dois exemplos de artigos do The Wall Street Journal sobre a China, formas indevidas de apresentação de informações, induzindo a erros de interpretação
É lamentável que jornalistas experientes de importantes jornais como o The Wall Street Journal escrevam artigos que induzem seus leitores a erros de interpretação. No jornal brasileiro Valor Econômico foi reproduzido em português um artigo escrito por Leslie P. Norton falando de pequenos países asiáticos que estariam colocando em risco exportações da China. Ora, a exportação chinesa na média do triênio 2011/2013 foi de US$ 2.052 bilhões enquanto os quatro países asiáticos citados no artigo, Vietnã, Camboja, Laos e Miamar, só chegaram a 6,5% desta cifra na média do mesmo triênio, ainda que estejam crescendo, enquanto a China perde algumas poucas exportações, pois os seus salários ficaram mais elevados do que de alguns seus vizinhos.
Num outro artigo, Bob Davis, do mesmo The Wall Street Journal, que trabalhou na China entre 2011 até o presente, escreveu outro artigo com o título: “O milagre econômico da China acabou?”. Todos sabem que aquela economia chegou a crescer mais de 10% ao ano, tendo sido reduzido a um patamar de 7% ao ano atual, que é ainda uma cifra impressionante, principalmente quando os Estados Unidos crescem em torno de 2% ao ano. Como muitos dos chineses ainda são pobres, vivendo no meio rural, tudo indica que o seu crescimento vai continuar dos mais elevados no mundo, mesmo reduzindo o seu ritmo, com o aumento de sua urbanização, pois o meio rural veio elevando a sua produtividade, não necessitando tanto de recursos humanos. Mas chegar a induzir que seu processo de crescimento esgotou-se parece que não seria o mais adequado.
Que construções chinesas que não estão sendo aproveitadas adequadamente todos sabem, pois a performance dos líderes daquele país eram medidos pelo crescimento de suas economias, ainda que grandes danos tenham sido causados no seu meio ambiente. Que algumas produções estrangeiras na China passaram para outros países asiáticos que apresentam recursos humanos abundantes, também parece notório. Ajustamentos estão sendo efetuados, e a China vai continuar arcando com muitos erros cometidos.
Algumas construções chinesas não encontram demandas
Algumas empresas de confecções da China estão se transferindo para países do Sudeste Asiático devido ao aumento dos salários chineses
O que parece é que mesmo jornalistas experientes de grandes jornais acabam confundindo problemas decorrentes do fator multiplicador daqueles que os economistas chamam de aceleradores. Ainda que mantendo um ritmo razoável de crescimento, a China passa por uma redução do seu ritmo de crescimento, o que provoca problemas complexos de ajustamento.
Os pobres países do Sudeste Asiático, muitos deles com salários mais baixos do que os da China, lutam para aproveitar a transferência de algumas empresas intensivas em mão de obra, conseguindo resultados interessantes. Mas, quando comparado com as dimensões chinesas, estas transferências acabam sendo insignificantes.
Estas situações são dinâmicas, e muitas atividades industriais que se encontravam nos países desenvolvidos foram transferidos para a China e agora passam para países mais pobres, justificando o que alguns chamam de fenômeno dos “gansos voadores”.
Mesmo os Estados Unidos que ainda são a maior economia do mundo, perseguida de perto pela China, muitos segmentos de tecnologia de ponta necessitam de recursos humanos de elevada qualificação, além de iniciativas nos quais os norte-americanos são reconhecidos.
O que parece mais complicado é com as economias que apresentam decréscimos populacionais com o envelhecimento de sua estrutura da população, que enfrentam dificuldades para se tornarem mais dinâmicas. Parece relevante que preferências ideológicas não interfiram nas informações a serem ofericidas aos leitores.