Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Publicações Exageradas nas Suas Sofisticações

9 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: dimensionamento do público, nível exageradamente elevado, suplementos dos fins de semana

Sempre fui partidário que a imprensa nacional como internacional fosse utilizada para a publicação de matérias de mais profundidade. Tanto intelectual e cultural, como espaço necessário para pesquisas mais profundas dos mais variados campos do conhecimento humano, como reflexões que fogem do atribulado cotidiano em que todos nós estamos envolvidos. Mas, observando o que vem sendo publicado por alguns jornais no Brasil semanalmente, ainda que sempre os procure folhear, mesmo para um leitor como eu, que tem um nível universitário e procure acompanhar o que ocorre com toda a humanidade, confesso que tenho limitações para me interessar pela quase totalidade deles. Parece que existe algum exagero, mesmo comparando com o que acontece na grande imprensa internacional, ou nas revistas voltadas para reflexões mais profundas do ponto de vista cultural. Como dizem muitos jovens hoje, é cabeça demais.

Seria interessante que estes jornais, que enfrentam problemas econômicos com seus elevados custos e publicidades que tendem a se reduzir, tenham uma postura pragmática com a questão, até para assegurar a sua indispensável sustentabilidade. Sempre haverá necessidade de que as vanguardas dos conhecimentos sejam apresentadas, dando oportunidade que os leitores dos jornais tenham a possibilidade de saber onde eles se encontram nas preocupações dos nossos intelectuais. Indicações resumidas poderiam ser oferecidas sobre outras fontes onde estas matérias estejam merecendo atenções, pois voltadas para um público diferente dos jornais diários. Sabemos que sempre haverá uma elite na sociedade que estará pensando sobre problemas que não se relacionam de forma direta com o cotidiano das pessoas, quase sempre de vital importância. O que se discute é o meio de trazer estes problemas para todos.

Não se trata de uma questão simples de ser resolvida. Todos nós temos opiniões diferentes, o que é saudável, e as prioridades que estabelecemos costumam ser diferentes. Mas os jornais diários são importantes para o desenvolvimento da democracia, como para o desenvolvimento econômico e social. Para a sua sobrevivência, há que se estabelecer uma escala de prioridade e pode-se suspeitar que o que é lido somente por um número restritíssimo de leitores deveria encontrar formas diferentes de divulgação. Somos daqueles que sempre aplaudem as matérias de maior profundidade, sabendo que conhecimentos de humanidades dos mais variados setores são importantes para as compreensões dos problemas enfrentados por um país, tanto no campo político como econômico.

Mas tenho a impressão que pode haver um desperdício com páginas preciosas de um jornal sejam simplesmente descartadas pela quase totalidade dos seus leitores, como se fora anúncios que não interessam a eles. Estamos gastando papel, tinta e principalmente um tempo precioso dos responsáveis pelos jornais, sendo talvez interessante que o custo benefício de tudo isto seja avaliado, em função do número de leitores que se interessam por muitos deles.

Assim como assuntos de política e econômica que afetam o cotidiano da população merecem ser “traduzidos” para a compreensão dos leitores, deixando o economês ou outros idiomas estranhos, parece que os conhecimentos mais intelectualizados que envolvem a cultura no seu sentido mais amplo sejam transmitidos de forma compreensível para o público.