Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Raras Novidades Gastronômicas em São Paulo

21 de novembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias | Tags: Chef Benon Chamilian, cuidados pessoais, lugar difícil de ser localizado e limitado em espaço, melhor cozinha árabe, o árabe libanês

Mesmo para as pessoas que estejam acostumadas com a gastronomia nos melhores centros como Paris, Londres, Nova Iorque, Tóquio, Cingapura, Istambul e outros, sempre existem oportunidades para se conhecer em São Paulo surpreendentes novidades, ainda que localizadas fora das áreas mais badaladas. É o caso do Mocotó da Vila Medeiros, e este Chef Benon, na transição do Morumbi com a Vila Sônia. Mesmo com as indicações de mapas, não é fácil transitar pelas ruas cheias de curvas, algumas mal sinalizadas, notadamente para aqueles que se aventuram também em rotas alternativas, mesmo num feriado. Mas Chef Benon vale o sacrifício, inclusive para chegar antes das 12h, para ser acomodado em lugares simples, mas limpos, com o tumulto posterior de pessoas à espera de serem atendidas.

Trata-se de uma casa simples adaptada para um pequeno restaurante, que por ter sido destacada numa revista voltada à classificação dos restaurantes recebe um fluxo exagerado de clientes, que não permite reservas. Muitos comentários já vinham sendo publicados sobre o trabalho do Chef Benon, informando sobre a sua experiência no Líbano, Arábia Saudita, como em outros restaurantes no Brasil, uma carreira de algumas décadas. Tudo indica que o seu restaurante é uma volta à simplicidade e a sua marca pessoal, até da escolha de um pequeno local onde esperava tranquilidade que deve estar perdendo, pela invasão de clientes interessados numa cozinha diferenciada, sempre procurada por muitos paulistanos.

clip_image001

Qualidade acima de tudo, mas também quantidade a preços razoáveis

Todos que moram em São Paulo sabem que a chamada cozinha árabe apresenta grandes variações, dependendo da localidade de onde se origina. Os libaneses são as bases de muitos que se espalharam e receberam novas leituras, como em Paris. Istambul, que foi a capital do Império Otomano, tem uma tradição com riqueza dos materiais que dispõe, provenientes das mais variadas partes do mundo.

O que predomina em São Paulo já são os produzidos por árabes que possuem pouco conhecimento da cozinha original, e suas amplas variedades. Por exemplo, muitos não conhecem o cuscuz marroquino, que é de ótima qualidade e que faz sucesso em Paris. Os mais populares disseminaram bons quibes e esfirras, além dos kebabs para todos os bolsos, pois os árabes que chegaram ao Brasil foram até os confins da Amazônia, e ocuparam deste o Rio Grande do Sul tendo também importância no Nordeste.

Poucos são os que conhecem os carneiros que são servidos nos grandes banquetes, onde o olho do animal é oferecido pelo anfitrião ao convidado principal, pois é considerado a parte mais saborosa da iguaria. Já se foram os períodos em que os alimentos eram levados à boca com a ajuda de verduras ou diversos tipos de pães, sem o uso de talheres.

A enorme variedade dos chamados indevidamente árabes chegam aos armênios que também contam com especificidades em São Paulo. É mais que natural que todas as regiões que foram e continuam sendo ocupados pelos chamados árabes apresentem uma riqueza de variedades que nem sempre é conhecida.

É evidente que também se processa uma evolução na cozinha árabe, como os mais tradicionais que valorizam mais o trigo que era mais utilizado, e hoje com a facilidade de acesso às carnes, muitos pratos ficaram mais ricos nestes ingredientes. Lembrando que os chamados árabes fizeram parte do início da civilização, como na Mesopotâmia, ou no Egito, pouco se distinguindo dos contatos com os persas, hindus, chineses e outras civilizações da antiguidade.

Toda esta civilização, nem sempre valorizada, resultou nesta sua culinária rica e diversificada, onde sempre existem espaços para inovações que sempre são bem-vindas.