Barack Obama Tenta Corrigir Erros dos Estados Unidos
21 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política | Tags: falta de colaboração externa, resistências internas, restabelecimento diplomático com Cuba, tentando corrigir Guantánamo
Existem graves erros cometidos pelos Estados Unidos nos momentos de grande emoção coletiva que aos poucos vão sendo corrigidos, exigindo tempo e trabalho, nem sempre contando com apoio interno ou de seus aliados estrangeiros. Todos sabem que os lamentáveis ataques terroristas às torres gêmeas de Nova Iorque, em 11 de setembro, simultaneamente aos ataques ao Pentágono, em Washington, provocaram fortes comoções coletivas entre os norte-americanos, ao mesmo tempo em que no mundo havia um espanto com estes acontecimentos. Os Estados Unidos nunca tinham sido atacados no seu território, e principalmente nas áreas mais cruciais que deveriam merecer a mais elevada atenção do seu serviço de informações e defesa militar. As ações visando o combate ao terrorismo acabaram autorizadas, até com o emprego de meios condenáveis na comunidade mundial, como o emprego da tortura bem como prisão de suspeitos sem a formalização de processos de suas acusações. Os presos foram encaminhados para a absurda prisão de Guantánamo, onde os Estados Unidos mantêm um absurdo enquistamento em Cuba, que agora Barack Obama pretende encerrar, como prometido em campanha eleitoral. Alguns prisioneiros foram encaminhados para países que os aceitaram em número limitado, mas ainda restam algumas centenas deles. Os preceitos mais consagrados no direito internacional foram violados, e ninguém foi responsabilizado até hoje pelos absurdos.
Prisioneiros em Guantánamo sem processos de acusação e barbaramente torturados
Outro absurdo que começa a ser corrigido é o isolamento diplomático e o embargo econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos. Todos sabem que há décadas Fidel Castro derrubou o ditador Fulgencio Batista, e Cuba recebia muitos turistas norte-americanos que frequentavam inclusive seus famosos cassinos. Para receber o suporte da Rússia, Fidel Castro entendeu-se com os russos para instalar mísseis em Cuba, que fica a pouco mais de 100 quilômetros da Flórida, nos Estados Unidos. O incidente, parte da Guerra Fria, acabou sendo acomodado, pois o custo da Rússia manter a situação em Cuba era elevado do ponto de vista militar.
Cuba muito próxima da Flórida, Estados Unidos
Mas os Estados Unidos fracassaram na tentativa de invasão de Cuba, pela Bacia dos Porcos. Como muitos cubanos não aceitam o regime socialista e ditatorial de Fidel Castro que já passou o poder para o seu irmão Raul Castro, existem muitos refugiados cubanos na Flórida.
Ainda que Barack Obama tenha poderes para restabelecer as relações diplomáticas, o fim do embargo depende do congresso norte-americano, que recebe pressões de republicanos ligados aos refugiados cubanos e que não concordam com a continuidade do regime ditatorial em Cuba. Tudo indica que os avanços dos entendimentos acabarão numa evolução como a que ocorre até na China, ainda que as diferenças ideológicas continuem existindo.
Todos podem concordar que o discurso democrático dos Estados Unidos acaba se enfraquecendo quando problemas como Guantánamo continuam existindo, mostrando que o país que deveria ser o líder mundial para a disseminação de regimes democráticos também adotam medidas que são chocantes para muitos que são a favor das liberdades, com o devido respeito aos preceitos jurídicos.
A esperança é que neste final de 2014 haja condições de avanços nestas questões que incomodam a muitos para a convivência pacífica num mundo cada vez mais globalizado.