Dois É Sempre Melhor Que Um
29 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Política | Tags: alternativa ao FMI e ao Banco Mundial, notícias sobre a China atuando no mundo, problemas de disputas com os Estados Unidos
A China vem atuando na assistência financeira a países, concorrendo com o FMI bem como fornecendo financiamentos alternativos ao Banco Mundial.
Todos sabem que logo após a Segunda Guerra Mundial a maioria dos países do mundo de então se reuniu para encontrar formas de efetuar a recuperação do que tinha sido destruído com o conflito. Foi organizado o Banco Mundial que teve o comando dos Estados Unidos que perdura até hoje, quase 70 anos depois, num mundo muito diferente daquela época. O nome completo da instituição é Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, e parte substancial dos recursos provinham dos Estados Unidos. Hoje, o mundo está muito mais diversificado, e aquele banco precisa captar recursos caros no mercado para financiar os projetos que lhes são apresentados, contando com poucos recursos oficiais.
Presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, apesar de nascido na Coreia do Sul, foi criado e fez carreira nos Estados Unidos.
Na divisão de tarefas, foi criado o FMI – Fundo Monetário Internacional visando preservar os países membros que eventualmente enfrentassem problemas nas suas contas internacionais, ficando com o comando de um europeu que fosse designado pelos países daquele continente, considerado mais industrializado. Os problemas que continuam ocorrendo são examinados por este organismo que prescrevem medidas tradicionais e conservadoras, como a brutal redução dos gastos públicos, mesmo com o sacrifício do emprego e da renda, que tornam suas recuperações mais problemáticas.
Presidente do FMI, a francesa Christine Lagarde
Agora, com a realidade da emergência da China, que detém a maior reserva mundial de divisas externas que se destinam até ao financiamento das necessidades do Tesouro norte-americano, novas iniciativas estão sendo formuladas para dar suporte ao que estava na alçada do Banco Mundial e do FMI. A China vem estendendo suas assistências a alguns países que enfrentam problemas cambiais e de financiamento internacional dos seus grandes projetos de infraestrutura. Muitos encaram estas iniciativas como de confronto da China com os Estados Unidos e seus aliados, envolvendo aspectos ideológicos e de defesa internacional, ainda que entendimentos sejam mantidos entre estes dois países para uma convivência razoável.
O que parece evidente é que a existência de alternativa é sempre mais interessante do que o do monopólio, pois os países que acabam sendo assistidos não precisam, necessariamente, submeter-se às algumas imposições exigidas pelo Banco Mundial ou FMI, que podem ser consideradas inconvenientes por alguns países, na defesa dos seus interesses nacionais.
O ideal é que o mercado internacional de recursos fosse suficiente para tanto, mas o horizonte de prazo do mercado privado não atendem as necessidades de prazos mais longos para as carências e os reembolsos das assistências recebidas, e seus encargos que costumam ser mais baixos.
É sempre desconfortável para qualquer país necessitar da assistência de organismos internacionais ou de determinados países. Na realidade, mesmo nas entidades ditas multinacionais sabe-se que no seu gerenciamento acabam predominando os critérios daqueles que fornecem os fundos. Mas, se além de uma instituição, a existência de alternativa figura-se sempre como interessante, havendo ainda a possibilidade de um país soberano também tomar as suas próprias opções, ainda que num programa de recuperação mais demorado, exigindo grandes sacrifícios de sua população.
Na realidade, não existem lanche grátis, mesmo que envolvendo organismos públicos e internacionais.