Drama das Mães Separadas no Japão
10 de dezembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo sobre o assunto no The Japan Times, falta de creches num país desenvolvido, falta de responsabilidade dos pais, tratamento desigual para as mulheres
Apesar do primeiro-ministro Shinzo Abe informar que o governo está tentando proporcionar as melhores condições para o trabalho das mulheres, leitores, como do artigo publicado por Rin Ichino no The Japan Times, ficam surpresos com as notícias de que uma economia desenvolvida como a japonesa não consegue fazer com que as mães, hoje responsáveis pela família, consigam se manter de forma condigna apesar dos seus empenhos, sendo condenadas à pobreza. Como no Japão a maioria dos divórcios ocorre de comum acordo e não há decisão judicial que responsabilize os homens também pelos encargos com a educação dos filhos e das ex-esposas, elas são obrigadas a trabalhar em condições bastante desiguais dadas as diferenças dos salários decorrentes do sexo. E o número de creches para seus filhos é mínimo.
As mães japonesas, hoje separadas, não conseguem manter o seu padrão de vida, pelos seus salários mais baixos e falta de creches
O artigo menciona diversos casos destas mães que hoje estão separadas, cuidam dos seus filhos e precisam trabalhar intensamente, ainda que seus salários estejam abaixo da metade do salário nacional. Poucas recebem o suporte dos seus ex-maridos e contam com creches convenientes para atender suas crianças. Esta situação coloca o Japão no último lugar entre os 34 países da OCDE, fazendo com que a maior parte dos encargos fique com as mães.
Os estudos efetuados por especialistas no assunto informam que os salários destas mães acabam ficando bem abaixo do mercado, em média 35% dos empregos de tempo integral e permanentes, por serem temporários e não de carreira. Elas possuem poucas reservas para enfrentar uma eventual aposentadoria, cerca de 5% da média dos japoneses.
Além de terem todas as tarefas de casa, acabam sendo obrigadas a aceitar empregos provisórios de tempo parcial, não contando com o adequado suporte para cuidar dos seus filhos. Algumas aspiram contar com serviços próprios como ensinar outras mães a cuidarem dos seus filhos, aproveitando as duras experiências que possuem. Somente 39% destas mães possuem um trabalho regular, e muitas dependem das ajudas dos seus pais.
Havia um programa subsidiado do governo no Japão para treinamento destas mães para as habilitarem a empregos, mas acabou sendo extinto, pois a falta de qualificação não se tratava do foco do problema.
Apesar de Shinzo Abe ter prometido a criação de 200 mil vagas nas creches, ele só conseguiu 9 mil, esperando chegar à meta nos próximos quatro anos. Somente 20% dos ex-maridos japoneses pagam as pensões para suas ex-esposas, inclusive seus filhos comuns, não havendo mecanismos legais para assegurar estes pagamentos. Este percentual nos Estados Unidos chega a 74%.
Ainda que estes problemas existam em muitos países, tudo indica que não são tão graves como os do Japão.