Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Complexidade da História Brasileira Recebendo Subsídios

11 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: início do livro de Mary Del Priori sobre o casal e a marquesa de Santos, o casamento de D. Pedro com a Princesa Leopoldina, o Rio de Janeiro e Viena em 1817

 

clip_image001A arquiduquesa Leopoldina chega ao Rio de Janeiro no dia 5 de novembro de 1817 de Viena para consumar o casamento político efetuado por procuração com D. Pedro, que consolidaria a aliança de Portugal com a poderosa Casa dos Habsburgo, numa aliança contra a influência napoleônica naquele continente.

Maria Leopoldina Josefa Carolina Francisca Fernanda Beatriz da Áustria, princesa da Hungria e da Boêmia e princesa de Habsburgo-Lorena, filha do Imperador Francisco I.

Ainda que a história, inclusive a brasileira, sempre continue nos acrescentando documentos que acabam alterando a visão predominante e oficial, os que conhecem Viena e os seus palácios gigantescos, suntuosos e elegantes dos Habsburgo, capital do Império Austro-Húngaro, que compreendia 39 Estados europeus, ficam impressionados com os contrastes com o novo mundo no início do século XIX. Como o Rio de Janeiro, que era provisoriamente a sede da Família Imperial de Portugal, que esperava retornar a Lisboa brevemente. A princesa Leopoldina era culta, dominava diversas línguas, com conhecimento das belas artes, inclusive de botânica. Não se queixava do papel que estava desempenhando no tabuleiro da política mundial, ainda que não fosse exposta às convivências diárias com a rude população local. Sua irmã tinha se casado com Napoleão, mas não conseguiu neutralizar o aumento da sua influência na Europa.

Os documentos da Coleção Brasiliana Itaú, que podem ser vistos atualmente em São Paulo no Itaú Cultural, mostram o que era o Rio de Janeiro naquela época, com pinturas e gravuras. O livro “A Carne e o Sangue” da historiadora Mary Del Priori, Rocco, Rio de Janeiro, 2012, descreve o lixo que era esta cidade na época, malcheirosa com os conteúdos dos penicos lançados pelas janelas. Ainda que desde a chegada da Família Imperial em 1808 houvesse um esforço para copiar parte do que se efetuava na Europa.

A princesa Leopoldina era culta, tanto que veio acompanhada de J.B. von Spix e C.F.P von Martius e outros naturalistas que registraram com pinturas e gravuras o que observaram no Brasil, inclusive a fauna, a flora e principalmente os escravos. Seus trabalhos constam da Coleção Brasiliana Itaú. Rio de Janeiro já era um porto respeitável para a época, com navios que vinham da Ásia como das Américas e da Europa, mas urbanamente a cidade era precária e São Paulo uma simples cidade no planalto, ainda que pela ação dos bandeirantes tivesse viabilizada a conquista do interior.

Infelizmente, a princesa Leopoldina viria a falecer prematuramente em 1826 por infecção, tendo antes o filho que se tornaria depois Dom Pedro II. Em 1829, depois de muitas tentativas de um segundo casamento, Pedro I conseguiu a aprovação de Amélia Augusta Eugênia Napoleona de Beauharnais, duqueza de Leuchtenberg. Ela oficializou o uso do francês na Corte.

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Princesa Amélia de Bragança, segundo esposa de Dom Pedro I.

D. Pedro I teve muitos envolvimentos fora do casamento que eram atos políticos, não envolvendo necessariamente o amor. Para conseguir a aprovação da princesa Amélia, que passou a se chamar Bragança, ele rompeu definitivamente o rumoroso caso que tinha com a marquesa de Santos.

O que parece evidente é que estes casamentos propiciaram a melhoria do nível cultura do Brasil de então, trazendo contribuições que mesmo Portugal não possuía, notadamente na sua pequena elite aristocrática.