Economistas Acadêmicos Brasileiros no Exterior
9 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: artigo sobre aumento de economistas acadêmicos brasileiros no exterior, condições para desenvolvimento de pesquisas e remunerações, economia de escala e de aglomeração
Um artigo de Patrick Cruz descreve no suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico sobre o aumento de economistas acadêmicos brasileiros no exterior, notadamente nas famosas universidades norte-americanas.
Aumento de economistas acadêmicos brasileiros nas mais prestigiosas universidades norte-americanas, conhecidas como The Ivy League.
O Brasil sempre contou com consagrados economistas acadêmicos atuando no exterior, notadamente nas prestigiosas universidades norte-americanas. Um dos nomes mais conhecidos é o de José Alexandre Scheinkman, que foi chefe de departamento da Universidade de Chicago, de onde saíram muitos prêmios Nobel, e que se encontra hoje em Princeton. Mas o número deles vem aumentando recentemente.
Muitas são as razões para tanto. O primeiro é que o número destes economistas, que conseguiram os títulos como de Ph.D., aumentaram por terem efetuados cursos no exterior. O segundo é o nível de remuneração que instituições estrangeiras oferecem, além das condições para pesquisas, que são bem superiores aos das universidades brasileiras. E as razões econômicas é que existem economias de escala e aglomeração, e estes brasileiros são uma pequena parcela de outros estrangeiros que consolidam suas carreiras em diversos países, notadamente dos Estados Unidos e da Europa, chegando até a novos centros como os que estão se consolidando na Ásia.
José Alexandre Scheinkeman que chefiou o departamento de economia da Universidade de Chicago e se encontra atualmente em Princeton.
O artigo de Patrick Cruz explica que o processo de seleção destes acadêmicos costuma começar pelas entrevistas que são efetuadas nas reuniões da AEA – Associação Americana de Economia, que depois os selecionados acabam se aprofundando com professores destas universidades. Os critérios costuma ser de meritocracia e dependem dos trabalhos já efetuados. É preciso alertar que mesmo assim existem modas que prevalecem, onde algumas técnicas e temas acabam sendo de preferência dos selecionadores.
Constata-se que estas grandes universidades no exterior acabam contando com um número elevado de bons professores que também efetuam suas pesquisas. Somam-se a eles os que estão fazendo doutoramentos e que também contribuem com seus trabalhos, normalmente orientados pelos mais reconhecidos e veteranos, o que proporcionam os ganhos chamados de escala.
Também existem os de aglomeração, pois muitas das pesquisas exigem conhecimentos de outras disciplinas correlatas, como o adequado domínio da matemática e estatística, havendo ainda contribuições humanísticas como de sociologia, política, história, antropologia e outros conhecimentos que não se restringem às ciências sociais.
Evidentemente, os níveis salariais das grandes universidades são condignas, além de oferecer todos os suportes necessários para as pesquisas. Ainda que muitas palestras e conferências sejam solicitadas pelas empresas, entidades de pesquisas como governamentais, há que se concentrar nas atividades acadêmicas, que podem diferir das empresariais. Em alguns casos tendem a sofisticações que nem sempre acabam sendo de aplicações práticas, tendo um forte vínculo com os constrangimentos da realidade, notadamente de países emergentes.
Mas grandes temas, como a necessidade de controle dos fluxos financeiros internacionais e até do exagero na predominância do setor bancário, além das condições monopolísticas de alguns segmentos, acabam sendo tratados, havendo espaços para iniciativas novas com o uso de tecnologias de ponta, como o que vem sendo observado no Vale do Silício, em torno da Universidade de Stanford.
Campus da Universidade de Stanford que estimulou a formação do Vale do Silício.
O que seria interessante é que estes conhecimentos acumulados no exterior, muitas vezes com investimentos de recursos públicos, tivessem maior intercâmbio com os locais, brasileiros, para a solução dos problemas aqui enfrentados.