Ampliação das Empresas Japonesas no Exterior
17 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: além da aceleração dos projetos, cuidados, mais um caso de aquisição de empresa no exterior, reconhecimento das dificuldades nos conhecimentos e pessoal indispensável | 2 Comentários »
O site da Nikkei Asian Review informa que a Japan Post está oferecendo US$ 5 bilhões para adquirir a Toll, tradicional empresa australiana de logística fundada em 1888 e que opera em 55 países e regiões.
A Toll australiana tem uma importante rede na Ásia que interessa à Japan Post
A Japan Post é uma estatal japonesa que deve passar por uma profunda reformulação, provocando inclusive a sua privatização. Conta com dois segmentos altamente rentáveis no seu grupo, a Japan Post Bank, considerada uma das maiores do mundo, e a Japan Post Insurance.
O sistema postal japonês estava presente até nas mais longínquas e pequenas localidades do país, e, além de funcionar como correio, já operava como uma Caixa Econômica com assustador volume de depósitos estáveis, que o tornava a fonte de recursos para muitas aplicações oficiais. Hoje, todas estas atividades tendem a ser transferidas para o setor privado ou operadas pelas indicações do mercado. Só a transferência dos resultados representa recentemente mais do dobro que estará sendo investido na sua ampliação da rede externa, onde era pouco agressivo e vinha sofrendo as concorrências mais flexíveis e ágeis de grupos privados, japoneses ou estrangeiros.
Com a redução da população japonesa, a tendência destes grupos é ampliar as suas atividades no exterior, com prioridade para os vizinhos países asiáticos. A aquisição do controle de um grupo como a Toll é estratégica, pois aproveita a rede existente e incorpora recursos humanos habilitados para operarem no exterior.
Muitos grupos japoneses estão admitindo que enfrentem dificuldades com seus funcionários japoneses, que têm dificuldades para se adaptar nos mercados externos. Estes tipos de aquisições nos Estados Unidos e na Europa, além de alocarem seus recursos disponíveis, suprem de recursos humanos habilitados com conhecimentos culturais de outros países estrangeiros, e vem acontecendo intensamente, para a continuidade de sua expansão.
Alguns cuidados passam a ser necessários. Os japoneses não são muito eficientes nas avaliações dos ativos de grupos estrangeiros, pois os critérios vigentes no Japão acabam sendo diferenciados. Os intermediários destas operações também necessitam ser bem avaliados, pois tanto as instituições financeiras, as empresas de auditoria como a dos aspectos legais exigem muitos conhecimentos que são estranhos aos japoneses. Muitos casos de corrupção do passado também são conhecidos.
Ainda que a delegação de poderes para gestores do exterior sejam recomendáveis, dando a liberdade adequada, há que se manter sistemas de vigilância dos seus comportamentos, pois muitos gestores acabam defendendo interesses que não são do grupo.
Querido Yokota:
Se não estou errada, a estatal Japan Post é a maior empresa do mundo em ativos, não é mesmo?
Cara Luana Santos de Almeida,
Obrigado pela pergunta. A Japan Post conta com depósitos populares de muitos japoneses, inclusive nas pequenas localidades, e estes são estáveis e em volume gigantesco, sendo considerado o maior do tipo Caixa Econômica no mundo, superando o da França.
Paulo Yokota